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A irresponsabilidade governativa

Sexta-feira, 30.04.10

Mesmo depois da queda abrupta do rating de Portugal e dos novos sacrifícios que todos os dias são impostos aos cidadãos, o Governo não é capaz de abandonar os projectos megalómanos de grandes obras públicas, insistindo na sua realização contra todas as evidências. Depois de no dia anterior ter concretizado o contrato para a construção de nova auto-estrada, ontem veio anunciar com pompa e circunstância que vai continuar a avançar com o TGV e o novo aeroporto, apesar dos elevadíssimos custos orçamentais desses projectos.

Este anúncio já não pode ser considerado como mera teimosia, sendo antes uma grave demonstração da total irresponsabilidade na condução da acção governativa. Ora, esta situação é politicamente insustentável. Não é possível manter em funções um Governo que todas os dias dá sinais contraditórios aos mercados, e se mostra absolutamente incapaz de resolver os graves problemas que ele próprio criou. Seja no quadro do actual parlamento, seja com novas eleições, é absolutamente essencial arranjar uma nova solução governativa, séria e credível, destinada exclusivamente a resolver a situação de emergência nacional em que estamos colocados. Como os actuais governantes já não têm credibilidade, deixar arrastar esta situação só agravará cada vez mais o estado do país. É altura de o Presidente da República e o Parlamento assumirem as responsabilidades que constitucionalmente possuem.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:01

A queda do rating de Portugal.

Quarta-feira, 28.04.10
A notícia da queda do rating de Portugal confirma os piores receios sobre a dimensão da crise que atravessamos e o descrédito com que as medidas governamentais são vistas nos mercados internacionais. Não vale a pena elaborar discursos patrioteiros contra as agências de rating e os especuladores financeiros, uma vez que eles constituem apenas um espelho da nossa realidade. O que está em causa é que o Governo deixou agravar o défice para valores colossais e foi incapaz de elaborar uma proposta para a sua redução minimamente consistente. Efectivamente, todo o PEC assenta no agravamento de impostos, que agora inclusivamente já se quer aplicar a título retroactivo, contra o que a Constituição expressamente determina. Mas o Governo não apresenta qualquer medida eficaz para a redução da despesa pública e ainda não abandonou de vez projectos megalómanos, como o novo aeroporto e o TGV, que nesta fase de crise são absolutamente inexequíveis. Mas, perante a dimensão desta crise, qual a resposta dos diversos agentes políticos? O Presidente da República permanece em silêncio. O Governo quer fazer crer que a queda do rating resulta de um ataque de especuladores, que nada tem a ver com a crise das contas públicas, que ele deixou criar. A oposição propõe-se dar a mão ao Governo, para o ajudar a defender-se do ataque, ao mesmo tempo que se entretém com uma comissão de inquérito, destinada a descobrir o que já toda a gente sabe: que o Primeiro-Ministro não diz a verdade ao parlamento. E o Governador do Banco de Portugal foi alegremente para Bruxelas, obrigando a nomear um novo Governador que inicia funções na maior crise dos últimos vinte anos. Já houve um Primeiro-Ministro do PS que se foi embora "para que o país não caísse no pântano". Neste momento, o país caiu nas profundezas oceânicas, mas o Governo continua como se nada se passasse. Na minha opinião, era mais que altura para este Governo se ir embora. Porque quanto mais tempo demorar a sair, mais provável vai ser termos que depois pedir a intervenção do FMI.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:51

A encenação na política.

Quarta-feira, 14.04.10

Não me surpreende que um jogador de futebol que não vive em Portugal, e a quem por isso seria irrelevante quem viesse a ganhar as eleições, possa exigir alguma contrapartida para manifestar apoio público a um dos partidos concorrentes. O que já me surpreende e escandaliza é que responsáveis desse partido político aceitem negociar com o referido jogador esse apoio. Atingimos um ponto em que a actividade política deixou de ter valor próprio e ser um espelho das convicções de cada um, para passar a ser um jogo de sombras em que os actores se movem por interesses, e qualquer apoio resulta de uma contrapartida previamente negociada.

Mais preocupante ainda é o facto de hoje em dia as campanhas eleitorais terem deixado de assentar no debate das propostas políticas, passando antes a basear-se na encenação de espectáculos, com a qual a comunicação social aceita colaborar. Acha-se perfeitamente normal que se encene um pequeno-almoço entre o primeiro-ministro, candidato a um novo mandato, e um jogador de futebol para que este lhe manifeste o seu apoio em público, naturalmente com a presença das televisões. Descobre-se depois que se estava afinal perante um espectáculo ensaiado, em que os actores se limitaram a recitar o seu papel. O espectáculo pode até ter rendido dividendos eleitorais, mas o seu custo para a credibilidade da política é enorme. A legitimidade eleitoral não assenta apenas no resultado, mas também e principalmente no procedimento. Pergunto-me se os partidos políticos e as entidades de fiscalização não verão nenhum problema nesta forma de conduzir uma campanha eleitoral.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:06

As bandeiras espanholas em Valença.

Terça-feira, 06.04.10

Compreendo perfeitamente o estado de desespero de uma população, chocada por uma decisão de encerramento nocturno de um serviço de urgências. Mas já me custa a aceitar a facilidade com que se adopta como manifestação de protesto a substituição da bandeira nacional pela bandeira espanhola. No fundo, o que essa forma de protesto exprime é que, para a população de Valença, a ligação da sua cidade a Portugal está dependente dos serviços públicos que o Estado Português seja capaz de lhe fornecer. Sendo encerrado qualquer um desses serviços, voltar-se-á imediatamente para Espanha, já que Tuy fica ali tão perto.

 

Este episódio demonstra um grande enfraquecimento da cidadania portuguesa, enquanto sentimento de pertença à comunidade nacional. Com este espírito, não vejo como seja possível convencer quem quer que seja a fazer sacrifícios para o bem do país. As pessoas passaram a ver o Estado numa perspectiva assistencialista, que lhes deve proporcionar todos e quaisquer serviços, independentemente da sua sustentabilidade financeira. E se o Estado falir, não há problema, pois sempre se pode recorrer a Espanha.

 

Com as bandeiras espanholas nas suas casas, Valença pode já começar a torcer pela selecção espanhola no Mundial de Futebol. Depois só lhe faltará mudar o nome para Valencia del Miño para se tornar numa verdadeira cidade espanhola. Desejo-lhe a melhor sorte, aqui do albergue espanhol.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 17:52





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