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Aplicando a doutrina de Lenine

Quinta-feira, 24.11.11

 

Passos Coelho agora afirma que "temos que dar um passo atrás para dar dois passos em frente". Já há muito que me parecia que estas políticas do Governo com impostos extraordinários, taxas de IRS de 50% e confisco de salários aos funcionários públicos e pensões aos pensionistas nada tinham de liberal, mas antes de socialista. Agora verifica-se que o Primeiro-Ministro se filia claramente na pura dogmática de uma frase imemorial dita por Vladimir Ilitch Lenine em 1904 (a obra pode encontrar-se aqui). Lenine de facto conseguiu atingir o objectivo da sua vida, apesar dos muitos passos que deu para trás, mas a sua vitória representou a desgraça do seu povo durante quase 75 anos. Desejo sinceramente que Portugal não passe pelo mesmo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 17:45

Cada vez mais lixo.

Quinta-feira, 24.11.11

Depois da Moody's, surgem agora a Fitch e a chinesa Dagong a qualificar Portugal como lixo. Já nem os chineses conseguem acreditar na política deste governo. A razão invocada é óbvia: o próprio Governo reconhece que estas medidas vão provocar uma recessão profunda. Em consequência, sem crescimento Portugal não vai ter meios para pagar os empréstimos que contraiu. Mas parece que o Governo está convencido das virtudes do empobrecimento, pelo que insiste neste "ajustamento social". Vão ver como estará Portugal em 2013. Aí o lixo já deve ser tóxico.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:28

O manifesto "um novo rumo"

Quarta-feira, 23.11.11

 

Mário Soares constitui seguramente a figura mais emblemática do regime saído do 25 de Abril. É por isso com tristeza que o vejo associar-se a uma iniciativa tão absurda como a deste manifesto. Estou totalmente em desacordo com a política financeira de Vítor Gaspar e aposto singelo contra dobrado que daqui a dois anos o país vai estar ainda pior do que está hoje. No entanto, a oposição pressupõe a afirmação de alternativas, não bastando a apresentação de um texto mal escrito, em estilo de redacção escolar, sem uma mínima proposta consistente.

 

Qual a razão do manifesto? A resposta é esta: "Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia". Alguém percebe esta construção gramatical? Afinal são os estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia? Ou é o seu desmantelamento?

 

Como é que se combate a crise? O manifesto dá a resposta: "Os signatários opõem-se a políticas de austeridade que acrescentem desemprego e recessão, sufocando a recuperação da economia". Qual é a alternativa? "Apelamos à participação política e cívica dos cidadãos que se revêem nestes ideais, e à sua mobilização na construção de um novo paradigma".

 

Há, no entanto, uma explicação singela para o manifesto. Como se pode ver aqui, em 1981, quando defrontou Salgado Zenha e o Secretariado, Mário Soares apresentou ao Congresso do seu partido uma noção intitulada "Novo rumo para o PS", tendo na altura arrasado os seus opositores internos. Trinta anos depois parece querer repetir o processo, atacando claramente a estratégia de António José Seguro. Daí a clara referência às "correntes trabalhistas, socialistas e sociais-democratas adeptas da 3ª via (…)" que "foram colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal". Este "novo rumo" é assim na verdade um reeditar trinta anos depois da moção "novo rumo para o PS". Não me parece é que António José Seguro esteja na disposição de ter o mesmo destino de Salgado Zenha. 

 

Já em relação ao país, uma coisa tenho por certa. A actual política governamental é um desastre, mas este "novo rumo" não conduz a lugar nenhum.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 17:22

O bar da Heidi

Terça-feira, 22.11.11

 

 

Distribuiram-me via e-mail este texto, que depois descobri encontrar-se aqui. Acho que é elucidativo publicá-lo no dia em que o nosso Parlamento discute alegremente a recapitalização dos bancos, depois de ter cortado nos últimos dois anos 25% do salário dos funcionários públicos e já terem sido gastos 6.500 milhões de euros na virtuosa recapitalização do BPN:

 

"Heidi is the proprietor of a bar in Detroit . In order to increase sales, she decides to allow her loyal customers, most of whom are unemployed alcoholics, to drink now but pay later. She keeps track of the drinks consumed on a ledger (thereby granting the customers loans). 

Word gets around about Heidi's "drink now pay later" marketing strategy and as a result, increasing numbers of customers flood into Heidi's bar and soon she has the largest sales volume for any bar in Detroit. 

By providing her customers' freedom from immediate payment demands, Heidi gets no resistance when she substantially increases her prices for wine and beer, the most consumed beverages. Her sales volume increases massively.

A young and dynamic vice-president at the local bank recognizes these customer debts as valuable future assets and increases Heidi's borrowing limit. He sees no reason for undue concern since he has the debts of the alcoholics as collateral. At the bank's corporate headquarters, expert traders transform these customer loans into DRINKBONDS, ALKIBONDS and PUKEBONDS. These securities are then traded on security markets worldwide. Naive investors don’t really understand the securities being sold to them as AAA secured bonds are really the debts of unemployed alcoholics. Nevertheless, their prices continuously climb, and the securities become the top-selling items for some of the nation's leading brokerage houses. 

One day, although the bond prices are still climbing, a risk manager at the bank (subsequently fired due his negativity), decides that the time has come to demand payment on the debts incurred by the drinkers at Heidi's bar. Heidi demands payment from her alcoholic patrons, but being unemployed they cannot pay back their drinking debts. Therefore, Heidi cannot fulfill her loan obligations and claims bankruptcy. 

DRINKBOND and ALKI BOND drop in price by 90%. PUKEBOND performs better, stabilizing in price after dropping by 80%. The decreased bond asset value destroys the banks liquidity and prevents it from issuing new loans. The suppliers of Heidi's bar, having granted her generous payment extensions and having invested in the securities are faced with writing off her debt and losing over 80% on her bonds. Her wine supplier claims bankruptcy, her beer supplier is taken over by a competitor, who immediately closes the local plant and lays off 50 workers. 

The bank and brokerage houses are saved by the Government following dramatic round-the-clock negotiations by leaders from both political parties. The funds required for this bailout are obtained by a tax levied on employed middle-class non-drinkers. 

Finally an explanation I can understand! 

(H/T Richard A.)".

 

Quando é conseguiremos arranjar um governo que não se preocupe com os prejuízos do bar da Heidi e dos que investiram na sua política de crédito e se preocupe antes com os cidadãos trabalhadores deste país?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 16:15

De taxa em taxa.

Domingo, 20.11.11

 

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa propõe agora lançar uma taxa sobre o combustível das bombas de gasolina. Atendendo a que a taxa é uma contrapartida de uma prestação de uma entidade pública, e neste caso não há prestação nenhuma, a referida "taxa" não passa de um imposto encapotado, que se quer lançar abusivamente sobre os cidadãos. Aliás, ideia semelhante já tinha sido há tempos aventada, quando a CML se propôs lançar uma "taxa" sobre a protecção civil, também escandalosamente ilegal. A Câmara Municipal de Lisboa não consegue realizar uma gestão equilibrada, continuando com uma dívida monumental que acha que deve ser paga pelos cidadãos, mesmo quando estes já suportam preços altíssimos de combustível. E infelizmente o lobby autárquico conseguiu que o Governo desistisse de lhes aplicar limites ao endividamento. O verdadeiro combate às gorduras do Estado passa é pelos municípios. Digam-lhes que não podem lançar mais "taxas" sobre os cidadãos e que têm que viver dentro do seu orçamento. Vão ver como o défice se reduz.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:50

O líder da oposição em Portugal.

Sexta-feira, 18.11.11

Estas declarações de Cavaco Silva demonstram que ele é o verdadeiro líder da oposição em Portugal. Não falo de oposição ao governo, porque o governo limita-se a executar acriticamente os ditames da troika. Falo da oposição à própria troika, aquele conjunto de funcionários não eleitos e principescamente pagos que efectivamente nos governa. Desde o governo de Beresford no séc. XIX que Portugal não assiste a nada semelhante.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:55

As novas medidas da troika.

Quinta-feira, 17.11.11

 

Aqueles que exultaram com o corte de subsídios aos funcionários públicos, fazendo-os ser os bodes expiatórios da crise, vão experimentar a extensão da medida ao sector privado, como é agora exigência da troika. Há uma velha regra que diz que é um erro fazer acordos com crocodilos, no sentido de serem os outros a ser devorados. A única coisa que se consegue é ser devorado em último lugar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:20

A nacionalização dos bancos.

Terça-feira, 15.11.11

(Imagem retirada daqui)

 

Tenho idade suficiente para me lembrar do PREC e devo dizer que todos os dias me parece assistir ao regresso de Vasco Gonçalves. Decretam-se dias de trabalho para a Nação, inventam-se classes privilegiadas como pretensas inimigas do povo, confiscam-se os seus rendimentos, e agora até se começa a falar em nacionalizar os bancos. E dizem alguns que este Governo é liberal. Infelizmente não consigo encontrar nenhum laivo de liberalismo nas medidas que estão a ser decretadas, parecendo-me antes de puro socialismo. Só os países socialistas é que tinham taxas de IRS tão elevadas, praticavam impunemente o confisco, e se dedicavam à nacionalização de empresas privadas. No caso presente da nacionalização dos bancos, vai-se fazer os contribuintes assumir o risco de negócios alheios, de cujo fracasso não têm nenhuma responsabilidade. Não vejo qualquer justificação  racional para que um banco, como qualquer outra empresa, não deva falir quando os seus administradores tomam decisões de investimento erradas. Desbaratar o dinheiro dos contribuintes numa nacionalização de prejuízos é absolutamente inaceitável. Se os lucros eram privados, os prejuízos também o devem ser.

 

 

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:35

O anúncio do fim da crise.

Segunda-feira, 14.11.11

 

Enquanto o país continua a afundar-se todos os dias, como se vê por esta notícia, o Ministro da Economia anuncia o fim da crise para 2012. Em que país vive ele? No Canadá?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:52

O Munique grego.

Quinta-feira, 03.11.11

 

Papandreou jogou a última cartada que lhe permitia assegurar a sua sobrevivência pessoal e política: decidiu perguntar aos gregos se efectivamente queriam o destino que os europeus lhes davam e que passa pela perda total e a absoluta da sua soberania, com o país ocupado em permanência pelatroika. Era evidente para todos que a resposta iria ser negativa. As ondas de choque que um não da Grécia ao destino que lhe propõem provocaria na Europa foram de tal ordem que o eixo franco-alemão e os seus lacaios impuseram à Grécia o seu Diktat, rejeitando sequer a possibilidade de decidirem livremente o seu destino. A democracia, essa maravilhosa invenção grega, foi abolida na Grécia, que hoje acaba de ter um destino semelhante ao da Checoslováquia nos acordos de Munique. Os outros países decidem do seu destino, sem que os cidadãos, ou mesmo os seus governantes, tenham sequer a possibilidade de se pronunciar. E já hoje surgiu o recado, dado não apenas aos gregos, mas também aos portugueses, de que se devem preparar para mais medidas de austeridade. Os PIIGS já não têm governos, mas apenas mandatários de governos estrangeiros. Não haja dúvidas de qual será o resultado destas políticas. Como disse Churchill perante os acordos de Munique: "A crença de que se consegue a paz na Europa atirando aos lobos um pequeno Estado constitui um erro fatal".

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publicado por Luís Menezes Leitão às 20:10


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