O Che Guevara grego.
É interessantíssimo ver como o Die Welt qualifica Alexis Tsipras: o Che Guevara grego ou o Messias da esquerda europeia. As suas propostas políticas lembram o PREC português de 1975, altura que o nosso Otelo também se proclamava o Fidel Castro da Europa. Tsipras tem o retrato de Che Guevara no seu gabinete e deseja fazer uma revolução como ele. A revolução passa naturalmente pela nacionalização de todos os bancos e pelo combate ao desemprego através da criação de novos cargos públicos e de empresas estatais. E quem vai pagar os custos desta política será naturalmente a solidariedade europeia, já que Tsipras não quer sair do euro. Mas não deixará de declarar a bancarrota, causando o caos em toda a Europa, se os restantes governos europeus não estiverem dispostos a financiar a sua revolução.
Alexis Tsipras também não se considera isolado pelo facto de, na sua viagem às capitais europeias, não ter sido recebido por nenhum governante mas apenas pelos partidos de extrema esquerda. Ela acha que é Merkel que está "extremamente isolada" na Europa. Vai ver o que o espera após a sua eleição.
O dramático desta história é que, contra toda a racionalidade, este homem pode mesmo ser o chefe do novo Governo grego. E a culpa disto é dos aprendizes de feiticeiro europeus que criaram esta situação.
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A destruição do euro.
Começa a ser evidente para todos que o euro está à beira do colapso. Tal deve-se à forma como foi concebido, destinado a ser a moeda única de uma Europa com economias muito diferentes. O euro poderia funcionar com base em políticas de coesão, mas essas são já passado. A partir do momento em que a crise se instalou e os países europeus adoptaram a regra do cada um por si, é evidente que o euro se tornou numa armadilha para os países do Sul que nunca conseguirão viver nas condições draconianas exigidas pela Alemanha. O irrealismo do Tratado Orçamental, que a Grécia e Portugal ratificaram para alemão ver, iria ser o teste final que provocaria a saída imediata destes países do euro, se a eleição de Hollande não o tivesse transformado num nado-morto.
Entretanto, a explosão iminente na Grécia leva as instituições comunitárias a manobras desesperadas, como se vê agora com esta medida do BCE de injectar 100 mil milhões nos bancos gregos. É extraordinário que o BCE aposte em bancos de onde os seus depositantes retiram todas as suas poupanças, com base no dinheiro dos contribuintes europeus, que é assim atirado para um poço sem fundo. Resta ver quais vão ser as consequências desta medida para a credibilidade do euro.
Na verdade, a demonstração de que o euro é neste momento tudo menos uma moeda única resulta evidente das sucessivas propostas para o dividir em várias moedas. Primeiro, foi na Holanda que se propôs uma nova moeda para os países do Norte, que se chamaria o neuro. Agora é o Deutsche Bank que propõe a quadratura do círculo com um euro exclusivo da Grécia, que se chamaria o geuro. Calculo que logo a seguir o Deutsche Bank venha propor também um euro exclusivo para Portugal, o peuro. Isto seria cómico se não fosse trágico.
Mas, perante este extraordinário espectáculo, ainda há quem tenha ideias para o negócio. Está a ser distribuído um jogo, o Euro Destruction, em que é suposto os jogadores atirarem moedas de euro contra os banqueiros ou contra os cidadãos. Parece que o cenário final do jogo é o "End of Europe as we know it". Deve ser um jogo muito popular para os actuais governantes europeus.
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Up in the air.
Aqui.
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A Europa a seus pés.
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A vontade da Santa Sé.
Desde que D. Afonso Henriques decidiu dar a independência a este cantinho à beira-mar plantado que, com excepção do tempo dos Filipes, não temos um Governo tão subserviente aos ditames do estrangeiro. Primeiro o Governo obedece atento, venerador e obrigado, a todas as medidas que venham da troika, por mais disparatadas que as mesmas sejam e, como se viu, estarem a arrasar totalmente o país. Depois, nesta história dos feriados, uma iniciativa absolutamente ridícula e que só demonstra uma falta de consideração pelos símbolos nacionais como não há memória em Portugal, acabou por transformar a extinção dos feriados religiosos numa suspensão por cinco anos porque "é a vontade da Santa Sé". Pelo vistos, para o Governo, se é a vontade da Santa Sé, ou da Santa Troika, amen. Mas como nem a Santa Sé, nem a Santa Troika se importam com os feriados que comemoram a independência do país ou o regime republicano, esses serão definitivamente extintos. Se o Ministro da Economia tivesse um pingo, já não digo de sentido de Estado, mas de vergonha na cara, voltava atrás com esta absurda proposta de extinção de feriados e poupava-nos a este triste espectáculo da humilhação do Estado Português e dos seus símbolos nacionais, a que todos os dias somos forçados a assistir.