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Et tu, Marcellus?

Sexta-feira, 29.06.12

 

Com estas palavras, Marcelo Rebelo de Sousa tirou completamente o tapete a Passos Coelho, assumindo-se mesmo como uma alternativa do PSD para Primeiro-Ministro. Quando se pensa que no ano passado foi Marcelo quem anunciou o corte dos subsidios, percebe-se que o Comentador-Candidato a Presidente, e agora, se calhar, igualmente a Primeiro-Ministro, decidiu descolar de vez do actual Governo. Passos Coelho que se cuide.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 02:19

Boas notícias de Atenas.

Terça-feira, 26.06.12

O Rui Rocha já tinha aqui chamado a atenção para o facto de que o Ministro das Finanças grego tinha um nome assustador: o Rapanos, ou seja, Rapa-nos. Mas o novo Ministro das Finanças grego tem um nome que nos tranquiliza bastante mais: é o Stournaros, ou seja, Estorna-nos. Cá em Portugal não podemos candidatar-nos também a um novo Ministro das Finanças que nos estorne o que o actual nos tirou?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:03

O mundo e a realidade que se impõem.

Segunda-feira, 25.06.12

 

Passos Coelho fez um bom discurso de abertura na rejeição da moção de censura do PCP. Tinha aliás escolhido um óptimo sound-byte: "A moção de censura é contra o mundo e a realidade". O problema é que enquanto durava esse debate, o mundo e a realidade impuseram-se. Quanto ao mundo, o Chipre pediu ajuda externa, o Ministro grego das Finanças fugiu a sete pés quando viu o que o esperava, e Angela Merkel rejeitou pela enésima vez as eurobonds. Quanto à realidade, o Governo é que acabou por fugir a ela, quando não revelou as medidas de austeridade que toda a gente já percebeu que vão ser imprescindíveis. A moção de censura do PCP era um exercício diletante, que acabou por ser facilmente ultrapassado pelos partidos da maioria. Mas há um novo dado político resultante do dia de hoje: Pedro Silva Pereira demonstrou estar muitos graus acima de Seguro e protagonizou uma espécie de regresso antecipado do socratismo ao PS. Se, como se afirmou, o que o PCP pretendia com a moção de censura era atacar a actual liderança do PS, acho que o resultado acabou por lhe servir de feição.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:00

À dúzia é mais barato.

Sábado, 23.06.12

 

Quem ganha esta semana o prémio Despesismo é Luís Filipe Menezes ao propor, não uma nova ponte, mas antes três novas pontes e um túnel a unir Gaia ao Porto. A proposta corresponde apenas a uns modestos 115 milhões de euros. Nas palavras do próprio: "Não é muito dinheiro. Só o que entregamos ao BPN daria para 500 pontes. Se parassem as obras de reabilitação em Mouzinho da Silveira (Porto) ou na Circular do Centro Histórico (Gaia) daria para pagar uma ponte. O investimento no Teleférico ou na Douro Marina ou no Centro de Alto Rendimento Olímpico daria para pagar outra ponte". Já estamos então a perceber para onde é que vai o dinheiro dos nossos impostos. Anda a ser gasto pelos autarcas do país à fartazana, sendo que a unidade de conta dos gastos já não é o euro, tendo passado a ser a ponte.

 

Não sei por que é Luís Filipe Menezes não triplica a sua proposta, passando antes a ser nove pontes e três túneis. Era capaz de se conseguir que à dúzia fosse mais barato e que o valor da unidade de conta ponte acabasse por descer. Na verdade, 12 pontes são uma ninharia comparada com as 500 que custa o BPN. Conforme sabemos todos, o país está muito rico, há ouro no Alentejo e petróleo no Algarve, e não há por isso motivo nenhum para que os autarcas do país não construam todas as pontes que lhes apetecer construir.

 

Há quem aplauda entusiasticamente esta proposta, parafraseando até a canção de Pedro Abrunhosa: "que nunca caiam as pontes entre nós". A mim apetece-me mais traulitar antes outra canção, a Ribeira dos Já Fumega: "A ponte é uma passagem... para a outra margem. Desafio, pairando sobre o rio. A ponte é uma miragem".

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publicado por Luís Menezes Leitão às 05:40

"Ninguém para Portugal".

Sexta-feira, 22.06.12

Leio aqui que na imprensa estrangeira se anda a escrever que "ninguém pára Portugal". Estes jornalistas não estão a respeitar o magnífico Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. Agora em "acordês" escreve-se "ninguém para Portugal". E de facto é de supor que, com a crise actual, ninguém na Europa esteja interessado em vir para cá...

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:14

O mago das Finanças.

Sexta-feira, 22.06.12

 

A previsão que aqui fiz de que Cadilhe, ao propor um imposto extraordinário de 4% sobre o património líquido dos contribuintes, estava a anunciar uma medida já decidida por Vítor Gaspar, vai confirmar-se integralmente. Vítor Gaspar já admite que o défice está descontrolado e os resultados da execução orçamental que vão ser divulgados hoje irão seguramente demonstrá-lo, por muito que os assessores de comunicação o tentem maquilhar. Bem pode o Governo andar a repetir o mesmo discurso cacofónico de que "Portugal não precisa de mais tempo nem de mais dinheiro". Pelo menos de mais dinheiro precisa desesperadamente, tanto assim que vai continuar a sugar os portugueses até ao tutano.

 

Ao contrário da maioria das pessoas da minha área política, nunca acreditei em Vítor Gaspar. Estava à espera na sua primeira comunicação ao país de assistir à apresentação de um programa ambicioso e exigente de redução da despesa pública. Em vez disso, ouvi-o a anunciar em voz arrastada o lançamento de mais um imposto extraordinário, sem nada dizer sobre a redução da despesa. Durante este ano tive oportunidade de confirmar que a sua política financeira é tão arrastada como o seu discurso. Quanto à redução sustentada da despesa, nicles. Os buracos do défice tapam-se sucessivamente à custa de receitas extraordinárias ou de cortes de salários. Mas com estes sucessivos aumentos de impostos, o efeito mais provável é o aumento da recessão e até a diminuição da receita fiscal, como qualquer estudante de economia sabe.

 

Vítor Gaspar tem sido qualificado por alguns como um mago das Finanças. Mas a sua gestão do Ministério das Finanças está a ser a de um aprendiz de feiticeiro.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 06:49

A voracidade fiscal.

Terça-feira, 19.06.12

 

Já se sabia perfeitamente que o objectivo do défice para 2012 é inalcançável sem medidas extraordinárias, face ao desastre que está a ser a gestão do Ministério das Finanças realizada por Vítor Gaspar. Precisamente por isso o Governo já está a preparar novo assalto ao bolso dos cidadãos, à semelhança do que fez em 2011. A estratégia de comunicação já foi montada é precisamente a mesma do ano passado. Solicita-se a qualquer comentador ou perito na matéria que anuncie a necessidade da medida e depois o Governo adopta-a como se estivesse apenas a seguir uma ideia alheia. O ano passado foi Marcelo Rebelo de Sousa que decidiu recomendar ao Governo o confisco dos subsídios de férias e de Natal. Naturalmente que Passos Coelho apareceu logo a seguir a anunciar a medida no parlamento. Este ano é Miguel Cadilhe que vem recomendar um imposto "extraordinário" (é a palavra exacta) sobre 4% da "riqueza líquida" das pessoas. A proposta foi feita muito convenientemente numa conferência denominada “Um ano do programa de assistência financeira – balanço e perspectivas”, organizada pela Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira a Portugal, que está hoje a decorrer na Assembleia da República. O balanço já todos fizemos, e é claramente negativo. Quanto às perspectivas do que iremos ter, Cadilhe já nos informou antecipadamente.

 

A voracidade fiscal deste governo despesista não tem limites. Não se apresenta qualquer medida de redução da despesa pública, a não ser os cortes de salários, que não passam de um imposto disfarçado sobre os salários dos funcionários públicos. Tudo o resto é aumento da carga fiscal. O IMI sobre os prédios está a ser aumentado por via de reavaliações dos imóveis que sobem o seu valor nalguns casos em 8000%. O IVA está em 23%. A taxa máxima de IRS é neste momento de 49%, sendo que esta elevação já tinha sido qualificada por Passos Coelho como um imposto de solidariedade, que só duraria dois anos. Pois ainda nem o primeiro ano decorreu e já vem Cadilhe ajudar à festa, propondo um novo imposto de solidariedade sobre 4% do património líquido dos contribuintes. Estou a imaginar como vai ser calculado esse património líquido: as casas das pessoas, os seus automóveis, as suas jóias de família, os seus quadros, serão alvo de avaliação directa pelo Fisco para reclamar os 4% devidos ao Estado. O xerife de Nottingham não faria melhor.

 

E para onde vai este imposto de solidariedade proposto por Cadilhe? Directamente para pagar a dívida pública, sem sequer passar pelo orçamento do Estado. Ou seja, a solidariedade é para com os nossos credores, que nos emprestaram dinheiro a juros usurários, os quais aplicámos em brilhantes iniciativas como o BPN e as parcerias público-privadas, mas  que iremos pagar religiosamente, nem que para isso o Governo esmifre os portugueses até ao último tostão.

 

Eu só pergunto o seguinte: os partidos da maioria são adeptos deste Estado fiscal insuportável?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 14:01

A ajuda do Financial Times Deutschland ao Syriza.

Sábado, 16.06.12

 

O Financial Times Deutschland resolver intervir nas eleições gregas. Num artigo escrito simultaneamente em grego e alemão, intitulado "Combatam os demagogos" (Αντισταθείτε στo δημαγωγό /Widersteht den Demagogen) o FT Deutschland afirma que, tal como a maioria dos gregos, deseja que o país permaneça na zona euro e por isso permite-se fazer uma recomendação de voto. O jornal apela às "queridas gregas" e aos "queridos gregos" para que compreendam que apenas com os partidos que aceitam as condições impostas pelos credores internacionais o país permanecerá no euro. Por isso apelam a que se oponham à demagogia de Alexis Tsipras e do Syriza, e não acreditem na sua promessa de que pode denunciar os acordos internacionais sem qualquer consequência.

 

Curiosamente o jornal reconhece que a Nova Democracia é co-responsável por décadas de uma falsa política, que conduziu o país à actual miséria. Mas mesmo assim acha que o país ficará melhor com uma coligação liderada por Antonis Samaras do que com um governo de Alexis Tsipras, que se propõe arrepiar o caminho até agora seguido, pelo que apela aos gregos para que votem na Nova Democracia.

 

Quando soube deste artigo lembrei-me de um episódio semelhante em Portugal quando o jornal A Capital declarou na primeira página que apoiava John Foster Kerry nas eleições presidenciais americanas. A minha reacção foi de riso, imaginando o que pensaria George W. Bush se soubesse de semelhante apoio e quão preocupado ficaria com as suas consequências eleitorais. Mas hoje tenho uma opinião contrária. O gesto do FT Deustchland só pode favorecer precisamente um partido, que é o Syriza. Este partido não se vai impressionar nada com a acusação de demagogia, uma palavra grega que significa "a arte de conduzir o povo". O FT Deutschland é que pelos vistos nada percebe desta arte, por que se a sua ideia era conduzir o povo grego a votar na Nova Democracia, vai ter provavelmente o efeito contrário.

 

Neste momento as minhas apostas para o fim-de-semana são as seguintes: A Grécia sai do euro (futebol) hoje e sai do euro (moeda) amanhã.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:21

Adeus, Corpo de Deus.

Quinta-feira, 07.06.12

Nunca atribuí especial significado ao feriado do Corpo de Deus, pelo que não me perturba muito a sua abolição. A meu ver, muito mais grave foi a abolição dos feriados do 5 de Outubro e do 1º de Dezembro, um verdadeiro insulto feito pelo Governo e pelo Parlamento a símbolos nacionais que tinham o dever de respeitar. Neste último feriado do Corpo de Deus não deixa, porém, de me atingir uma certa nostalgia perante a última vez que se celebra esse dia em Portugal. As terras do nosso país que se engalanavam para comemorar esse feriado (como Caminha na fotografia) sentirão com certeza que se perdeu algo da sua tradição histórica e religiosa. Pode-se dizer que as medidas deste Governo não atacaram apenas o bolso dos portugueses. Atingiram-nos também na sua alma.
Quanto ao facto de os portugueses terem feriados a mais, e isso afectar a sua produtividade, trata-se de uma argumentação absolutamente ridícula. A Alemanha, onde me desloco com frequência por razões profissionais, tem muito mais feriados que Portugal, sendo quase impossível ir lá sem apanhar um feriado. Este ano desloquei-me lá no fim de Maio, e encontrei tudo fechado no feriado da Pfingsten, a 28 de Maio, que se comemora 50 dias depois da Páscoa. Noutro ano, tinha sido igualmente surpreendido com o feriado da Christi Himmelfahrt, que este ano se celebrou a 19 de Maio. Será que estes contínuos feriados afectam a produtividade alemã, reconhecidamente a melhor da Europa?
Passos Coelho agradece a paciência dos portugueses. De facto é preciso muita paciência para ver um Governo tomar medidas tão disparatadas.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:28

Homens de negro fora de Espanha.

Terça-feira, 05.06.12

 

 

Ficamos a saber pela boca do Ministro Espanhol das Finanças que os "homens de negro" não irão resgatar Espanha. Pode dizer-se que os espanhóis têm a mania das grandezas. Enquanto os portugueses, nas palavras de Miguel Sousa Tavares, têm apenas uma troika composta por um careca, um alemão e um etíope, os espanhóis acham que vão ter os Men in Black em pessoa. Provavelmente devem achar que a situação de desastre em que a sua economia caiu só pode ser devida a uma invasão extraterrestre. E, sendo assim, apenas os Homens de Negro os poderão salvar. Estou convencido de que esta se arrisca a ser a frase do ano de 2012. Mas Passos Coelho, com a sua frase de que "os portugueses já não estão perante o abismo" é também um forte candidato. Pelo menos já conseguiu que a Imprensa Falsa publicasse pela primeira vez um título verdadeiro.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 13:19


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