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Os sonâmbulos.

Terça-feira, 28.05.13

 

Acho que nunca uma capa do Economist teve uma imagem tão violenta como esta. Mas a seriedade da crise do euro justifica-a plenamente. Os líderes europeus parecem de facto um grupo de sonâmbulos caminhando para o abismo, insensíveis a tudo o que se passa à sua volta. Mas o mais chocante na imagem nem é o passo decidido dos que caminham à frente, liderados por Merkel e Draghi. O que mais me perturba é ver no canto direito Durão Barroso e Passos Coelho, irmanados e cabisbaixos, seguindo os líderes do grupo como cordeiros no caminho do suicídio.

 

Neste momento, a situação do nosso país é objecto de comentário à escala mundial, com Paul Krugman a dar Portugal como exemplo de um pesadelo económico-financeiro. Mas imagine-se o que perturba o nosso Ministro das Finanças? O facto de os jornalistas terem dirigido uma pergunta ao Presidente do Eurogrupo e não a ele. Efectivamente só pode ser de sonambulismo que estamos a falar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 06:01

As declarações de Jorge Sampaio.

Quinta-feira, 23.05.13

Jorge Sampaio acha que as eleições antecipadas não são um cenário mortal. Claro que não. Precisamente porque há muito mais vida para além do défice.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:49

Pânico no túnel.

Domingo, 19.05.13

 

Lê-se e não se acredita. Parece que Luís Filipe Menezes não quer abandonar Gaia sem deixar os gaienses afundados — literalmente — em mais um projecto megalómano e despesista. Efectivamente "a Câmara de Gaia está a projectar a construção de um túnel rodoviário mergulhado nas águas do Douro para ligar a praia de Lavadores (Gaia) à zona do Castelo da Foz (Porto). A obra custa 54 milhões de euros. Para o túnel ser sustentável deverá ser portajado". Vão ser assim gastos 54 milhões de euros para permitir aos milhares de carros que todos os dias desesperam na Praia dos Lavadores para chegar ao Castelo da Foz que lá cheguem num moderno túnel. E como não poderia deixar de ser, é necessário pagar a portagem, coisa que não existe em nenhuma ponte do Porto. Naturalmente que o túnel só será viável com mais uma parceria público-privada, em que a autarquia assegurará ao privado o retorno do investimento, já que, se o privado contasse apenas com o dinheiro das portagens a receber, não haveria túnel até ao dia do juízo.

 

Enquanto houver autarcas com estas ideias despesistas e megalómanas, o país está completamente perdido. Não vale a pena o Governo pedir sacrifícios, pois com autarcas assim nunca veremos a luz ao fundo do túnel.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 23:10

Homem ao mar.

Quinta-feira, 16.05.13

 

Lê-se aqui que os próprios responsáveis germânicos estão agora a ser especialmente críticos perante a política de austeridade seguida pela Comissão Europeia  e pelo seu Presidente Durão Barroso. Parece que, depois do desastre de em Portugal se ter querido ser mais troikista que a troika, agora é Durão Barroso, que se especializou em ser mais germanófilo que os alemães, que vai ser por estes atirado borda fora. O padrão é típico. O mandante dá as ordens e quando as coisas não resultam, o mandatário é que é sacrificado como bode expiatório. Ainda vamos ouvir dizer que Angela Merkel e Wolfgang Schäuble sempre estiveram contra a austeridade e que ela só foi aplicada por exigência de Durão Barroso. Mas este é um justo castigo para uma Comissão Europeia que se esqueceu do seu papel de guardiã dos Tratados e tem sido apenas a voz de Berlim.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 10:56

O nefelibata.

Terça-feira, 14.05.13

 

Cavaco Silva quer demonstrar ao país que anda completamente nas nuvens. Sabe-se que, apesar da rendição de Portas, a coligação se encontra presa por arames, podendo romper-se a qualquer momento. Vítor Gaspar pode ser muito apreciado pelo Ministro das Finanças alemão, mas não tem qualquer credibilidade a nível interno. A economia via de mal a pior, multiplicando-se as falências e o desemprego. Perante isto o que decide fazer Cavaco Silva? Convoca o Conselho de Estado ao abrigo do art. 146º, nº1, e) da Constituição, pressupõe-se, portanto, que para "aconselhar o Presidente da República no exercício das suas funções, quando este lho solicitar". O Presidente dá-se ao trabalho de explicar qual a questão em que precisa de ser aconselhado. Essa questão é, imagine-se, "Perspetivas da Economia Portuguesa no Pós-Troika, no Quadro de uma União Económica e Monetária Efetiva e Aprofundada”. Descontando o acordês horrível em que os órgãos de soberania decidiram passar a viver, parece, portanto, que o Presidente da República não está nada preocupado com o que se vai passar no país até Junho de 2014, preparando-se assim para entrar em estado de hibernação política até esse momento. Quanto ao Conselho de Estado é convocado com mais de um ano de antecedência para informar as "perspetivas" do país na tal "União Económica e Monetária  efetiva e aprofundada". Mas pode ser que alguém no Conselho de Estado consiga explicar ao Senhor Presidente que, pelo caminho que as coisas tomam, as "perspetivas" são de que a curto prazo nem sequer exista "União Económica e Monetária" quanto mais "efetiva e aprofundada".

 

Vai ser interessante ver o Conselho de Estado a discutir este tema na actual situação do país. Lembrará os governantes bizantinos que discutiam o sexo dos anjos enquanto os turcos atacavam Constantinopla.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:46

O CDS caiu.

Segunda-feira, 13.05.13

 

Parece que o CDS, depois de ter jurado que a taxa sobre pensões era uma fronteira que não podia ser ultrapassada, afinal já permite "excepcionalmente" que as tropas estrangeiras passem a fronteira. O problema é que quando as fronteiras são atravessadas, a ocupação só termina se o ocupante quiser. O CDS passou a ser assim neste momento um partido tomado e por muito que queiram negar o óbvio, nem o talento político de Portas o tirará do sarilho em que se meteu. Todas as suas bandeiras eleitorais como o apoio aos reformados e a defesa dos contribuintes se esfumaram nesse instante. Resta-lhe continuar no Governo até ao fim, sabendo-se que agora que já nem sequer conseguirá evitar o descalabro para onde está a ser conduzido.

 

Torna-se assim claro que neste momento já nem sequer existem partidos na maioria mas apenas um grupo de seguidores da troika, chefiados pelo Ministro Vítor Gaspar, que continuará a pôr e dispôr pelo menos até Junho de 2014, altura em que poderá ser seduzido por um cargo de comissário europeu. O tal Ministro "que não foi eleito coisíssima nenhuma" e que diz aos partidos da maioria que não quer saber dos "vossos eleitores", depois de presidir ao arrasar da economia portuguesa irá assistir ao arrasar do sistema partidário nacional, destruindo os partidos que suicidariamente continuam a apoiá-lo. Resta saber por que razão os militantes desses partidos continuam a aceitar isto. 

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:44

O fim do euro.

Domingo, 12.05.13

 

Parece evidente que os países do Sul da Europa precisam de imprimir dinheiro como de pão para a boca, sem o que vão continuar com um sufoco absoluto nas suas economias. Os Estados Unidos da América têm aliás dado o exemplo, uma vez que não têm parado de imprimir dólares desde que começou a crise, e não se têm dado mal com isso, não sofrendo o dólar da mesma desconfiança com que o euro é encarado a nível internacional. A Câmara de Nápoles já assumiu a dianteira e decidiu criar uma moeda própria, o napo, que faz circular em complemento com o euro, aumentando assim a massa monetária em circulação na sua cidade. Ora, é manifesto que se a moda pega, haverá imensas cidades a repetir a mesma iniciativa, a começar por Lisboa, onde António Costa não se deverá esquecer de lançar o lisbo, uma vez que, como se vê pelo amontoar de lixo nas ruas, Lisboa quase parece gémea de Nápoles. A questão é que os alemães, com a sua obsessão pela disciplina orçamental, acharão que os latinos os estão a tomar por "napos", inventando este tipo de estratagemas. É por isso manifesto que o euro não tem salvação possível.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:04

De confisco em confisco.

Sexta-feira, 10.05.13

 

Primeiro foi o confisco dos salários dos funcionários públicos. Depois passou-se ao confisco das pensões. A seguir entrou-se nas tributações confiscatórias. E agora fala-se no confisco dos depósitos bancários. Tudo perante uma constituição que garante o direito à propriedade, proibindo o confisco. Vivemos num país onde o Estado de Direito e o respeito pela legalidade se tornaram palavras vãs. Neste momento vale tudo e, pior do que isso, os cidadãos sabem que em qualquer momento pode valer tudo.

 

Vem isto a propósito da intervenção de Fernando Ulrich a defender o confisco dos depósitos bancários. Já uma vez escrevi aqui que Fernando Ulrich parece o banqueiro anarquista de que falava Fernando Pessoa. Neste momento, acha que o dinheiro dos depositantes não merece qualquer protecção e pode ser livremente confiscado. A  mim não me espantava nada que um partido anarquista defendesse o confisco dos depósitos bancários. Já me custa muito, no entanto, a aceitar que essa posição seja defendida pelo responsável máximo de um banco. Os seus depositantes podem muito justamente perguntar-se qual a razão por que devem depositar o seu dinheiro num banco onde se defende o confisco dos seus depósitos. 

 

Mas, vendo bem, o exemplo de Fernando Ulrich não é muito diferente do que se está a passar com os partidos da maioria governamental. Tendo sido eleitos como partidos de direita ou de centro-direita têm vindo a fazer no governo exactamente o contrário do que propugnaram e do que defendem os seus programas, desencadeado ataques à propriedade mais violentos do que o partido anarquista mais radical que pudesse existir. Como é óbvio, trata-se de uma política suicidária, que só pode levar os seus autores a um descalabro eleitoral. Mas Passos Coelho que defende que as eleições que se lixem, já prometeu continuar nesta senda, haja o que houver. Resta saber se o PSD quer alinhar neste suicídio colectivo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:18

Sexta-feira 20h00 Hora Negra

Sexta-feira, 03.05.13

 

Já se sabe que o Primeiro-Ministro virá hoje anunciar mais um assalto aos sacrificados do costume, após o que provavelmente irá festejar entoando canções nostálgicas. O que me choca, no entanto, é a precisão horária com que estas medidas são sempre anunciadas. As 20h00 de sexta-feira passaram a ser o momento mágico em que os mercados estão encerrados e os governos ou os tribunais constitucionais são autorizados a disparar os seus tiros, ficando com quarenta e oito horas para avaliar as consequências. Já que os sacrificados fiquem com o fim-de-semana estragado é algo que não os preocupa minimamente. Tivessem comprado também bilhetes para o concerto onde o Primeiro-Ministro irá a seguir.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:01





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