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Um regresso auspicioso.

Sábado, 26.10.13

 

Este novo Astérix entre os Pictos é uma boa notícia para os apreciadores das aventuras dos heróis da pequena aldeia gaulesa que resiste ainda e sempre ao invasor. Efectivamente a série estava a incorrer numa dolorosa decadência desde a morte de Goscinny, já que Uderzo, embora mantendo a qualidade do desenho, nunca conseguiu apresentar um argumento de jeito, exceptuando talvez O Grande Fosso. Sempre que se comprava um livro, ia-se de decepção em decepção até ao inenarrável O céu cai-lhe em cima da cabeça, que levou muita gente a proclamar: "Por Toutatis! Este Uderzo está louco!". Felizmente ganhou algum juízo para entregar a série a outros argumentista e desenhador, que conseguiram produzir uma obra que, ainda estando longe da genialidade de Goscinny, tem finalmente uma história com graça. Podem continuar que os leitores agradecem.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:34

O combate dos chefes.

Quinta-feira, 17.10.13

 

Se há coisa para que não há verdadeiramente pachorra é para a constante troca de mimos entre Soares e Cavaco. Já vemos isto desde 1985. Soares, quando Cavaco surgiu, qualificou-o como alguém sem currículo político, tendo depois que engolir que ele tenha causado ao PS a maior derrota política que alguma vez o seu partido sofreu. Soares vingou-se, fazendo-se eleger Presidente da República, derrotando por uma unha negra o candidato de Cavaco, Freitas do Amaral. Cavaco teve assim que engolir Soares como Presidente da República durante dez anos, não deixando de o mimosear com epítetos como "força de bloqueio" e garantindo que o iria fazer "terminar o mandato com dignidade". E Soares de facto terminou dignamente o mandato, conseguindo derrotar Cavaco e eleger Jorge Sampaio, garantindo em seguida que a presidência ficava "em boas mãos". 

 

Cavaco viu-se assim obrigado a uma travessia no deserto durante dez anos. Mal se quis candidatar a Presidente, Soares atravessou-se, tentando evitar a sua eleição, o que redundou na derrota mais humilhante que alguma vez teve. Mas a partir daí não deixou de infernizar a vida a Cavaco em sucessivas declarações assassinas. A última foi a de que Cavaco deveria ser julgado no caso BPN, o que levou Cavaco a esta declaração de ataque claro a Soares.

 

Por muitas voltas que dê a política em Portugal, estes dois vão continuar em combate permanente. É a nossa versão do combate dos chefes.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 14:49

O soldado disciplinado e leal.

Quarta-feira, 16.10.13

Se há uma coisa que me choca profundamente na actual classe política é a falta de convicções da maioria dos seus membros. Pessoas que convictamente defendem uma solução depois chegam ao Parlamento e ao Governo e vêm fazer absolutamente o contrário, baseando-se apenas no servilismo em relação ao chefe. O caso de Pires de Lima é particularmente elucidativo: vindo do sector privado onde tinha feito sucesso, foi feito ministro de uma pasta onde era vital que conseguisse dar um novo ímpeto à economia. Para isso, no entanto, era imprescindível que o deixassem aplicar as suas ideias e implantar o seu programa. Pires de Lima acaba, porém, por confessar que no governo, os que o julgavam um general estavam enganados. Não passa de um soldado raso "disciplinado e leal". E por isso nem sequer consegue, contra todas as expectativas, baixar o IVA da restauração, sendo assim manifesto que nada está a fazer na pasta da economia. Pires de Lima parece assim o soldado da guerra do Solnado que diz ao capitão que tinha feito um prisioneiro, mas quando lhe perguntam onde ele está, responde que "não quis vir". Se de facto a influência de Pires de Lima no governo é zero, cabe perguntar por que razão se mantém no cargo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 18:26

A lição do Jornal de Angola.

Segunda-feira, 07.10.13

 

Eu até acho que o Jornal de Angola dá uma lição aos portugueses, demonstrando quão apreciado foi o servilismo do Ministro Machete por aquelas bandas. E acrescenta mais: "Portugal está no centro de uma grave crise social e económica sem fim à vista. O Estado Social que nasceu com a Revolução de Abril tem sido friamente destruído pelas elites reinantes. Os fundos de coesão da CEE foram desbaratados por cleptocratas insaciáveis que à sombra de partidos democráticos se comportaram como vulgares ladrões sem sequer se disfarçarem com colarinhos brancos. (…) Face ao esvaziamento dos cofres públicos, até as pensões e reformas dos idosos são confiscadas. Milhares de jovens quadros são obrigados a procurar em países estrangeiros o pão nosso de cada dia (…). As elites portuguesas famintas de dinheiro entraram em desvario. À medida que a crise aperta, eles disparam em todas as direcções, atingindo por vezes membros do bando. À medida que a “troika” drena milhares de milhões de euros para os bolsos dos credores, as elites reinantes ficam sem cheta e tornam-se mais agressivas". Para mal dos nossos pecados, esta é presentemente a imagem de Portugal no mundo: um país onde até os dias marcantes da sua história deixaram de ser comemorados, já que o único objectivo nacional é deixar contentes os nossos credores.


Depois de o Ministro dos Negócios Estrangeiros ter "pedido diplomaticamente desculpa" a um Estado estrangeiro pela actuação do Ministério Público português, num país em que a separação de poderes é princípio constitucional, o Governo bem podia fechar para obras. Ponham cá uma comissão liquidatária da troika que faz perfeitamente o trabalho de destruir o nosso Estado. E pelo menos poupava-nos a vergonha.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:31

A revolta na Bounty.

Sábado, 05.10.13

 

Passos Coelho julgava que a sua legião de fiéis chegaria para segurar a profunda irritação do PSD perante o resultado desastroso do partido nas eleições autárquicas. Mandou por isso Marco António Costa marcar rapidamente um congresso antecipado com eleições directas à liderança já em Janeiro, em ordem a poder assegurar desde já ser o candidato do PSD às legislativas. Teve azar. Passos Coelho pode se estar a lixar para as eleições, mas o PSD profundo manifestamente não está. É assim que hoje nesta entrevista Guilherme Silva avisou já que será preciso averiguar se Passos Coelho tem ou não condições para ser o candidato do PSD em 2015 e que, se se concluir pelo contrário, terá que haver novo congresso na véspera de eleições. O PSD, com o seu tradicional instinto de sobrevivência, começa a concluir que é altura de se livrar dos maus tratos que lhe estão a ser infligidos por este Capitão William Bligh, e que o poderão transformar numa nova versão do PASOK grego. É provável que surja assim uma revolta na Bounty. Resta saber quem será neste caso o tenente Fletcher Christian que a comandará.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 10:26





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