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Reuniões produtivas.

Sexta-feira, 31.01.14

 

Depois de todas as consequências trágicas provocadas pelas praxes, esperar-se-ia do Ministério da Educação uma reacção enérgica a disciplinar e a punir essas práticas, semelhante à que aqui defendi. O Ministro da Educação parece achar, no entanto, que o seu papel se limita a ser o de inventar exames absurdos aos professores, deixando os alunos totalmente em roda livre, independentemente de quais sejam as consequências para outros alunos envolvidos. Precisamente por isso no final da reunião limitou-se a proclamar o direito dos alunos a resistirem às praxes. Seria o mesmo que se o Ministro da Administração Interna, em lugar de usar a polícia para reprimir as agressões, tivesse dito que os agredidos tinham o direito de resistir. Entende o Ministro que o seu Ministério e as Universidades não têm a obrigação de garantir a segurança dos seus alunos? Não por acaso, foi esta a imagem que a Imprensa Falsa deu do resultado da reunião. Eu só pergunto como é que Nuno Crato ainda continua no Governo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:24

Eleições presidenciais.

Terça-feira, 28.01.14

 

O falecimento hoje de Soares Carneiro, que os jornais apenas recordaram como o candidato presidencial de Sá Carneiro, constitui motivo para recordar os erros políticos que se pode ter na escolha dos candidatos às eleições presidenciais. Sá Carneiro era um político talentoso, mas cometeu um erro monumental quando escolheu Soares Carneiro como candidato, que nunca teria a mínima possibilidade de ser eleito. Consta que, depois de escolhido, o mesmo decidiu ir visitar Ramalho Eanes ao palácio de Belém para o avisar de que se iria candidatar contra ele. À saída cruza-se com Sousa e Castro, que também ia visitar Eanes. Eanes pergunta então a Sousa e Castro se já sabia quem era o candidato presidencial da AD. Sousa e Castro responde: "Não faço a mínima ideia, meu General". Eanes diz-lhe então: "Pois olhe que acabou de sair daqui agora". Sousa e Castro, perplexo, responde: "Então o meu General já está reeleito, como é por de mais evidente!". Era de facto evidente para todos excepto para Sá Carneiro, que respondia a quem o criticava pela sua escolha que de um mau candidato iria fazer um bom Presidente. O problema é que numa eleição presidencial por sufrágio universal não se vota por recomendação partidária. E só pode ser um bom Presidente aquele que conseguir ser eleito para o cargo.

 

Passos Coelho ignorou esta verdade elementar e resolveu fazer aprovar uma moção no PSD contra a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, num claro intuito de lançar Durão Barroso. A razão era a de temer a imprevisibilidade dos jogos políticos de Marcelo em Belém enquanto que Durão Barroso lhe daria a mesma tranquilidade que hoje lhe dá Cavaco Silva, que até foi capaz de dar seguimento ao mais disparatado referendo alguma vez proposto. A estratégia só peca por um pequeno pormenor não despiciendo: É que depois da sua saída precipitada para Bruxelas e dos desastrosos mandatos à frente da Comissão Europeia, Durão Barroso não tem qualquer hipótese de ganhar uma eleição presidencial nos tempos mais próximos.

 

Perante o ataque de Passos Coelho, Marcelo decidiu imediatamente pôr as cartas na mesa, anunciando a sua retirada da corrida e denunciando o óbvio: que Passos Coelho queria apoiar Durão Barroso. Lançado para o olho do furacão antes da altura que esperava, Durão percebeu que ia ser transformado no Soares Carneiro de Passos Coelho, pelo que fugiu a sete pés desse destino. Pelo contrário, Santana Lopes multiplicou ataques a Marcelo demonstrando que ainda não desistiu do seu velho sonho de ser candidato presidencial. Só que, depois do seu desastrado governo, as hipóteses de Santana ganhar ainda são menores do que as de Durão Barroso, para além de em Belém Santana Lopes ainda ser provavelmente mais imprevisível do que Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Passos Coelho ficou assim de um momento para o outro sem candidato presidencial para o PSD, e com uma ridícula moção que no Congresso vai cair no vazio. Não admira por isso que tenha vindo a correr dar o dito por não dito, dizendo para quem quiser acreditar que nunca pensou em Marcelo Rebelo de Sousa quando falou num candidato "catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político". Já Marcelo assumiu a divergência, anunciando que nem sequer vai ao Congresso, deixando Passos lá a falar sozinho. Marcelo colocou-se assim claramente ao lado da oposição interna a Passos Coelho, e tudo fará para o derrubar, contando que uma nova liderança do PSD lhe dê o apoio que exigiu para as presidenciais.

 

Temos então o seguinte resultado prático desta brilhante manobra de Passos Coelho: enquanto o PSD tritura sucessivos candidatos, António Costa iniciou já a campanha. Ou não foi isso o Prós & Contras de ontem?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:23

O candidato.

Quarta-feira, 22.01.14

 

 

Da mesma forma que sucedeu na Grécia e na Itália, a actual crise europeia é um terreno propício para a emergência eleitoral de movimentos populistas centrados em figuras mediáticas. Em Portugal isso acaba de ser ensaiado com a entrada de Marinho e Pinto na corrida para as eleições europeias na lista do MPT-Partido da Terra. Estou convencido de que Marinho e Pinto pode ter um grande resultado eleitoral. O seu discurso é altamente heterogéneo, fazendo apelo simultaneamente a valores de esquerda radical, como o combate aos privilégios, e a valores da direita mais conservadora, como no combate à adopção gay. Precisamente por esse motivo teve a inteligência de escolher para se apresentar a votos um partido considerado neutro em termos ideológicos, que apresenta como bandeiras coisas vagas como o humanismo ou a protecção da natureza, de que ninguém discordará. Por outro lado, o seu perfil de homem de convicções, que diz sempre o que pensa, fará a diferença perante candidatos políticos cata-vento habituados a tomar posições em sentido contrário ao que pensam pessoalmente, como se viu na votação recente da proposta de referendo. Se, por exemplo, o candidato do PSD for Paulo Rangel poderemos assistir a debates como este que se vê aqui

 

Será um erro o PSD e o CDS não perceberem os riscos que correm. O seu discurso recente tem sido o de que a crise está a ficar para trás e os sacrifícios valeram a pena. Só que quem viu este mês o seu salário ou pensão brutalmente cortados não quer saber para nada se os juros da dívida caem ou não, receando é o que lhe possa acontecer amanhã. Quanto ao PS, não foi capaz de construir nenhuma alternativa, o PCP é o que sempre foi e a esquerda radical entretém-se a multiplicar partidos e movimentos. Estamos no terreno ideal para que um candidato como Marinho e Pinto prospere. Os partidos tradicionais que se cuidem.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:45

A escolha do perfil presidencial adequado.

Segunda-feira, 20.01.14

 

É evidente que Passos Coelho está muito satisfeito com o desempenho presidencial de Cavaco Silva que, com excepção de um pequeno amuo subitamente no Verão passado, tem primado pela ausência total, reduzindo a Presidência ao vácuo político e deixando o Governo em roda livre. Precisamente por esse motivo o maior pesadelo para Passos Coelho era ter na Presidência Marcelo Rebelo de Sousa que usaria Belém para a criação permanente de factos políticos, deixando o Governo constantemente em estado de choque. Por esse motivo a moção de estratégia aprovada esclarece que o candidato presidencial não pode ser um "catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político". Essa moção poderia ser designada através das letras TMMRS (todos menos Marcelo Rebelo de Sousa). 

 

Como se viu nas recentes e constantes peregrinações a Bruxelas ou à cerimónia de entrega de prémios europeus, Passos Coelho está a todo o custo empenhado em promover a eleição de Durão Barroso, que apresenta como currículo ter igualmente reduzido a influência da Comissão a zero, obedecendo totalmente a Angela Merkel. Passos está convencido que Durão Barroso adoptará o mesmo comportamento em Belém, deixando-o igualmente em roda livre, desde que o seu grupo mantenha alguma influência política. Precisamente por esse motivo muitos barrosistas já têm sido chamados ao Governo, como é o caso paradigmático de Miguel Poiares Maduro.

 

No fundo Passos Coelho está a adoptar a estratégia de Salazar nas eleições de 1958 quando propôs Américo Thomaz como candidato. Quando ele foi eleito o New York Times de 10 de Junho limitou-se a escrever: "O nome do vencedor é por acaso o do almirante Américo Tomás, mas isto não tem qualquer importância. Este não terá qualquer poder e o Dr. Salazar bem podia ter escolhido o primeiro polícia de trânsito que lhe aparecesse".

 

O problema desta estratégia é que vai conduzir a um desastre político. Depois do que fez na comissão europeia Durão Barroso tem tantas hipóteses de ser eleito presidente como a Torre Eiffel de dançar o samba. É por isso que espanta a forma como Marcelo se retirou imediatamente da corrida dizendo que não queria ser o Manuel Alegre do PSD. A verdade é que Manuel Alegre teve 20% dos votos e Mário Soares apenas 15%. As candidaturas presidenciais entre nós não costumam ser partidárias. Jorge Sampaio candidatou-se sem o PS, que só aceitou apoiá-lo depois de muito estrebuchar. Não se percebe por isso porque Marcelo não faz a mesma coisa.

 

Em qualquer caso, acho que a decisão de Passos Coelho acaba de significar a derrota da direita nas presidenciais. António Costa é o principal beneficiado. Tem, em primeiro lugar, uma excelente imprensa como se viu pelo episódio recente da Bragaparques. O que não se diria de Santana Lopes se tivesse anunciado publicamente um acordo que afinal não existia? E, em segundo  lugar, não está comprometido com a crise. Em política os disparates pagam-se caro. 

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:00

O CDS no seu labirinto.

Quarta-feira, 15.01.14

episódio da Meta dos Leitões, diga-se de passagem a meu ver o melhor restaurante da Mealhada, é apenas um símbolo. Está a verificar-se na opinião pública uma rejeição brutal aos partidos do Governo, cujo principal motivo reside na falta de ética com que o Estado apregoa a liberdade de quebrar unilateralmente dos seus compromissos. É fácil depois a qualquer restaurante vir dizer que da mesma maneira que alteraram unilateralmente as pensões aos reformados, ele também se sente no direito de aumentar unilateralmente o preço das refeições que fornece a essas pessoas. Mesmo que a história não esteja bem contada, aplica-se aqui o adágio do si non é vero, é bene trovato. Mas o que parece elucidativo é isto ter ocorrido com o CDS. É que enquanto o PSD se sente mais livre para fazer estas malfeitorias, pois tem um eleitorado transversal, que até é capaz de se sentir pouco solidário com os reformados, o eleitorado do CDS é maioritariamente constituído por estas pessoas. Esta ultrapassagem das linhas vermelhas representa assim o suicídio político do partido, como fica demonstrado com esta entrevista demolidora efectuada por Mário Crespo a Assunção Cristas. Neste momento o CDS só está a olhar para a floresta, perdendo de vista as árvores que são os seus votantes. E assim enfiou-se num labirinto: Ou concorre sozinho a eleições, e será o principal castigado eleitoralmente por todas as mafeitorias feitas pelo Governo ou concorre em listas conjuntas com o PSD, sujeitando-se assim ao abraço de urso que lhe retirará a sua identidade política. O Congresso albanês do passado fim-de-semana, em que só Filipe Anacoreta Correia foi capaz de quebrar o unanimismo em torno do estado de espírito irrevogável de Paulo Portas, é bem capaz de representar por isso o dobre a finados deste partido. O que é estranho é que os seus militantes não consigam ver isto.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:56

Maldita memória.

Quinta-feira, 09.01.14

 

Hoje Portugal pagou juros de 4,657% por uma emissão a cinco anos. A Ministra das Finanças acha que "a emissão foi muito bem sucedida". Não vejo ninguém a contraditar essa apreciação. O problema é que ainda me lembro de Machete ter dito que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate se os juros não descessem abaixo de 4,5%. Mais ninguém se lembra?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 17:18

O mecenato no Parlamento.

Terça-feira, 07.01.14

 

Já tinha achado ridículas as declarações de Assunção Esteves sobre os custos da trasladação de Eusébio para o Panteão, e a preocupação com o facto de eles serem suportados pelo orçamento do Parlamento, a que o Pedro faz referência mais abaixo. Mas fui ver aqui com mais detalhe o conteúdo das declarações. Parece que «Assunção Esteves sugeriu uma "partilha de custos", ao abrigo de "uma espécie de mecenato", que em Portugal ainda não está suficientemente desenvolvido, admitindo que o processo não seja suportado pelo parlamento, mas por "um grupo de cidadãos ou uma associação"». Isto quase parece um pedido para que seja um grupo de benfiquistas ou o próprio Benfica a suportar os custos da trasladação de Eusébio para o Panteão, assumindo-se assim o clube como mecenas do Parlamento. E diz-se que esta "espécie de mecenato" ainda não está suficientemente desenvolvida em Portugal, mas que "em termos de crise, é uma cultura que também temos de começar a explorar". Não sei quais são os países do mundo em que o Parlamento aceita ter mecenas privados, mas não devem ser exemplos a seguir. Já sabia que vivíamos num país falido, mas esperava que as nossas instituições tivessem um pouco mais de sentido de Estado. 

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publicado por Luís Menezes Leitão às 16:30

O plano B.

Quinta-feira, 02.01.14

 

Era de prever que quando Passos Coelho avisou que iria usar "todos os instrumentos" para cumprir o programa de resgate iríamos assistir a mais medidas atentatórias do Estado de Direito. As primeiras notícias não o confirmavam, já que apenas se falou no aumento do IVA, uma medida contestável nesta fase, mas que não levantaria quaisquer problemas de constitucionalidade. O Primeiro-Ministro, no entanto, prefere sempre atacar os que são para ele "os suspeitos do costume", ou seja, os funcionários públicos e os pensionistas. Assim, se o Tribunal Constitucional não o deixa cortar pensões através de uma convergência da caixa geral de aposentações com a segurança social, procede na mesma ao seu corte aumentando a contribuição especial de solidariedade. Contribuição essa, diga-se de passagem, que constitui um escandaloso imposto de classe, reprovado por quase todos os constitucionalistas, mas que estranhamente teve o amen do Tribunal Constitucional. Já aos funcionários públicos não lhes chegou verem aumentado os cortes de salários no Orçamento para 2014, ainda vão sofrer novo corte pelo aumento da contribuição para a ADSE. A forma como este Governo põe o Estado a tratar os seus servidores é uma vergonha. Um Estado que não respeita os seus servidores ou que quebra unilateralmente os seus compromissos pode ser muita coisa, mas não é o "Estado confiável", que o Senhor Vice Primeiro-Ministro proclamava no seu célebre guião. É por isso que este Governo tanto pode apresentar um plano B como um plano C, ou até um plano Z. Já se sabe que os sacrificados serão sempre os mesmos. Até quando?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 22:13





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