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Carta ao eleitor indeciso.

Terça-feira, 25.08.15

 

Senhor eleitor indeciso:

Saberá que, em tempos, o voto foi uma actividade de gente séria, informada, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão instalada entre a liberdade de votar e a imunidade de se abster, essa actividade é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que recorrem  à indecisão reles e cobarde, em lugar de preencher os quadrados nos boletins de voto que lhes estão reservados. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem não conhece? Como não vale a pena processá-lo, envio-lhe esta carta para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a respeito da sua indecisão.

António Costa.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:38

Afinal havia outra.

Sexta-feira, 21.08.15

Primeiro António Costa anda a distribuir papéis elaborados por Mário Centeno, de onde resulta, tão certo como dois e dois serem quatro, que o PS irá criar 207.000 empregos até 2019. No dia seguinte António Costa desmente que tenha feito qualquer promessa e chama-lhe antes um compromisso de políticas nesse sentido, enquanto que Mário Centeno diz que o tal papel era um exercício de simulação. Hoje António Costa aparece a dizer ao Sol que há uma identidade de pontos de vista muito significativa entre ele e Manuela Ferreira Leite. Parece que afinal António Costa defende as políticas de Manuela Ferreira Leite para o controlo do défice: obtenção de receitas extraordinárias a qualquer custo, incluindo a venda antecipada de créditos fiscais ao Citygroup. Daqui, no entanto, resulta uma conclusão óbvia: o célebre Mário Centeno, que já era visto como o futuro Ministro das Finanças do PS, afinal vai apenas andar aos papéis.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:23

Onde é que eu já vi isto?

Quarta-feira, 19.08.15

Eleições: PS estima criar 207 mil empregos e défice de 1,4% em quatro anos.

 

Ah, foi aqui:

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publicado por Luís Menezes Leitão às 21:05

A implosão do PS.

Terça-feira, 18.08.15

Depois do Bloco de Esquerda, que literalmente implodiu em pequenos partidos, o que estamos a assistir agora é à implosão do PS. Efectivamente, o derrube de Seguro por António Costa causou imensas feridas, que se acentuaram com o disparatado posicionamento do PS à extrema esquerda, e ainda mais com o patético apoio a Sampaio da Nóvoa, que obviamente iria fracturar o partido em dois. Se alguém tem dúvidas sobre o posicionamento ideológico de António Costa, que veja a sua última declaração: é contra os contratos de trabalho a prazo. Só que o contrato de trabalho a prazo foi uma invenção de Mário Soares em 1976 para tornear a rigidez da legislação laboral. O que António Costa pretende é assim voltar a 1975, o que também constitui um tempo áureo para o seu candidato presidencial. Na verdade, o que se vê em Nóvoa, para além de uma absoluta ausência de currículo político, é uma ideologia muito marcada, o que naturalmente constitui um grave óbice para uma candidatura a Belém. E não são os seus passeios de bicicleta no Algarve, por baixo de um sol arrasador, que o transformarão num bom candidato.

 

Maria de Belém pode não ser uma candidata muito forte, mas não assusta o eleitorado do centro, ao contrário do que Nóvoa e pelos vistos o próprio António Costa estão a querer fazer. Não admira por isso a multiplicação de apoios que está a ter no PS, a que se associa o ódio declarado dos apoiantes de Nóvoa. Durante a campanha para as legislativas, o que o PS discute acaloradamente são assim os seus candidatos presidenciais, o que demonstra um partido em implosão. E o único responsável por isso é António Costa. Mas em bom rigor, ele está a colher a tempestade dos ventos que semeou. Tivesse Seguro continuado no cargo, e o PS estaria calmamente a caminhar para a vitória. Com António Costa, passou a ficar tudo em causa.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:59

As presidenciais.

Quinta-feira, 13.08.15

 Os dados parecem já estar claramente lançados para as presidenciais. À direita o despique vai ser entre Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio. Neste jogo Santana Lopes é apenas um entertainer e de Alberto João Jardim nem vale a pena falar. Mas esse despique está adiado para depois da legislativas. Marcelo aposta numa derrota da coligação que o possa fazer surgir como o candidato presidencial destinado a vingar essa derrota. Já Rui Rio espera, pelo contrário, que uma vitória o catapulte para a eleição como o candidato preferido de Passos Coelho. Neste último quadro, é possível que Marcelo nem sequer se apresente, uma vez que sempre pretendeu chegar num andor a Belém, em lugar de concorrer numa eleição disputada. Mas se as sondagens lhe continuarem a ser tão favoráveis, é possível que os seus próximos o convençam a não desperdiçar a oportunidade de uma vida. Não é por isso de excluir a existência de duas candidaturas à direita nas presidenciais.

 

Na esquerda, as coisas estão muito mais complicadas. Independentemente da vitória ou da derrota do PS, parece evidente que vai haver três candidatos socialistas às presidenciais: Sampaio da Nóvoa, Henrique Neto e Maria de Belém. António Costa parece que vai forçar o apoio do PS a Sampaio da Nóvoa, mas só tem para dizer dele que é um candidato próximo da família socialista, e que lhe merece muita estima, não se revendo na caricatura esquerdista com que tem sido apresentado. O que se passa é que uma caricatura acentua os traços mais visíveis da personagem e os traços de Sampaio de Nóvoa colocam-no muito mais à esquerda do que o discurso tradicional do PS. Apoiá-lo em 2016 é equivalente a se o PS tivesse apoiado Otelo em 1976 ou Pintasilgo em 1986. Espanta por isso esse apoio, perante dois candidatos do PS com muito mais currículo político e maiores hipóteses de vitória. Comparado com eles Sampaio da Nóvoa é apenas um candidato mais à esquerda, mas é sobretudo um zero à esquerda. 

 

O que pode levar então António Costa a querer apoiar esse candidato, por comparação com um senador respeitável e com provas dadas no mundo empresarial, como Henrique Neto, ou com uma antiga ministra e presidente do PS, com largo apoio na sociedade civil, como Maria de Belém? A resposta é simples. Nenhum desses dois candidatos é próximo de António Costa, pelo que não se deixaria manipular por ele em Belém, enquanto que Sampaio de Nóvoa não tem sequer peso político para exercer uma magistratura de influência. Por isso, António Costa prefere arriscar uma derrota nas presidenciais, a ter em Belém alguém do seu partido que lhe pudesse fazer sombra. Por outro lado, tem boas relações com Marcelo e com Rui Rio, pelo que julga preferível relacionar-se com eles em Belém.

 

O raciocínio de António Costa está a ser semelhante àquele que Sócrates teve com Cavaco, quando preferiu deixar eleger um presidente da área contrária, em lugar de alguém do seu próprio partido, mas que não fosse da sua confiança, como Manuel Alegre. Viu-se o que aconteceu depois.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:57

A campanha do PS (2).

Sábado, 08.08.15

Conforme referi abaixo, esta campanha do PS constitui um desastre político de proporções colossais, digno de figurar nos anais do disparate político. Até agora, no entanto, os cartazes tinham sido apenas motivo para riso. Neste momento, a coisa ficou muito mais séria, a ponto de o PS já ter surgido com um pedido de desculpas público. Efectivamente, é um acto de uma gravidade extrema publicar imagens de pessoas sem autorização das mesmas, e ainda mais fazendo-as referir testemunhos falsos. Não reproduzo aqui esses cartazes precisamente para não amplificar os danos que lhes foram causados. Mas, de um partido que proclama nos cartazes "respeitem as pessoas", esperar-se-ia outra atitude, que não fosse a utilização abusiva da imagem alheia.

 

Acredito que isto não tenha sido intencional, mas há uma imagem que fica desta campanha do PS. E essa imagem é a do desleixo, do amadorismo e da incompetência. Neste quadro o slogan "alternativa de confiança" parece o que se chama em Direito a protestatio facta contraria, ou seja, uma declaração contrária aos factos. É que, por muito que doa aos apoiantes desta facção do PS, o eleitorado pode justamente perguntar: quem conduz duma forma tão atabalhoada uma simples campanha eleitoral, que condições tem para assumir o governo do país?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:37

A campanha do PS.

Sexta-feira, 07.08.15

 

A campanha do PS é neste momento um desastre político de proporções colossais. Depois dos cartazes a anunciar a chegada do sol após o período de trevas, o PS agora aposta, para contrariar as estatísticas do desemprego, numa mulher que perdeu o emprego… no tempo de Sócrates. Em termos de mensagem política, isto é a contradição total. De um momento para o outro, passámos de um filme bíblico para um filme neo-realista, criando a maior confusão nos espectadores. E a procissão ainda vai no adro.

 

Há quem queira deitar as culpas deste desastre para Edson Athayde. Na verdade, a prestação de Edson Athayde tem sido muito sobrevalorizada na comunicação política. Edson é um publicitário talentoso, como se viu pelo célebre anúncio Tô Xim da Telecel. Mas isso não basta para se ser um bom comunicador político. Na verdade, a campanha que ele criou para Guterres, "Razão e Coração", com Rosa Mota e Carlos Lopes em t-shirts com corações, era em termos políticos um vazio total. Mas em 1995 o país estava farto de Cavaco e ansiava desesperadamente por uma alternativa. Por isso tanto fazia que a campanha do PS fosse boa ou má, uma vez que o que interessava para a esmagadora maioria do eleitorado era terminar com o consulado cavaquista.

 

Hoje, no entanto, os dados em que se movem as campanhas eleitorais são radicalmente diferentes. Desde a vitória de Obama que se sabe que é nas redes sociais que se desenvolve a campanha com mais eficácia. Não lembraria por isso a ninguém vir buscar um publicitário para repetir uma solução de há vinte anos. No entanto, concordo com Viriato Soromenho Marques quando ele refere que a culpa não é de Edson. A culpa é que o PS de hoje não tem qualquer mensagem política, limitando-se a repetir até à exaustão a palavra "confiança".

 

Mas a verdade é que António Costa não consegue inspirar confiança. Manteve até ao último momento o apoio a Sócrates, mesmo nas vésperas da bancarrota. Por isso, esteve sempre contra António José Seguro, quando ele quis distanciar o partido de Sócrates, e procedeu ao seu derrube, invocando precisamente a necessidade de respeitar o legado de Sócrates. Logo que Sócrates foi preso, sentiu a necessidade de se distanciar dele, pelo que procurou contratar novas propostas políticas, numa espécie de out-sourcing, com recurso a candidatos anódinos, inclusivamente para fins de candidatura presidencial. Só que essas candidaturas, ou constituem uma incógnita total para o eleitorado, ou representam posições muito mais extremistas do que o que era tradicional no PS. Por isso, as propostas políticas que o PS hoje exibe são assustadoras para o eleitorado de centro, que está traumatizado com a irresponsabilidade financeira dos tempos de Sócrates.

 

Viriato Soromenho Marques tem assim razão quando diz que o PS precisa de mudar de política e não de publicitário. Só que para isso precisava urgentemente de mudar de líder. E para estas eleições já não vai a tempo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:07





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