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E entretanto já estoirou três mil milhões.

Sábado, 26.12.15

O primeiro-ministro, António Costa, manifestou-se hoje confiante na construção de «um tempo novo» para Portugal, com crescimento, emprego e consolidação financeira, e na viabilidade política de uma «plataforma comum» assente no diálogo, na transparência e no compromisso.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:25

Um conto de Natal.

Quinta-feira, 24.12.15

 

Esta mensagem de Natal de Pedro Passos Coelho constitui um disparate a todos os níveis. Ao afirmar que vai ter uma atitude construtiva e deixar governar aqueles que quiseram assumir essas responsabilidades, Passos Coelho afirma no fundo que o PSD vai ser a muleta do governo, reconhecendo a legitimidade de António Costa como Primeiro-Ministro. Fazer isso apenas um mês depois de ter sido derrubado pela esquerda do cargo de primeiro-ministro pode ser uma atitude muito cristã e típica da época natalícia, mas não é seguramente a que se espera de um líder partidário que foi remetido para a oposição depois de ter ganho as eleições legislativas. Especialmente quando se viu que a coligação de esquerda se desfaz ao mais pequeno sopro, sendo por isso absolutamente incapaz de aguentar uma tempestade.

 

De um líder partidário, que passou à oposição nestas condições, esperar-se-ia um combate frontal a este governo, prometendo para breve um novo governo que assegure melhores dias aos portugueses. Esta mensagem de Natal parece pelo contrário um acto de rendição de Passos Coelho ao governo de António Costa. É verdade que pelo cenário e pelo tom institucional faz lembrar as mensagens de Passos Coelho quando ainda era primeiro-ministro. Só que esse enquadramento parece estranho para quem é hoje líder da oposição, dando a imagem de que Passos Coelho desistiu totalmente do combate político nesta legislatura. 

 

Se o PSD continuar a fazer circular mensagens de Natal deste teor, o seu regresso ao governo será um conto de Natal.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:37

Oposição a sério, precisa-se.

Quarta-feira, 23.12.15

Aquando do verdadeiro golpe que constituiu a criação deste governo, Passos Coelho garantiu que o líder do PS não poderia esperar o apoio do PSD e CDS no futuro. E assegurou que António Costa deveria demitir-se se alguma vez precisasse dos votos do PSD. Palavra dada tem que ser palavra honrada. É por isso que, se o PCP, que apoiou a formação deste governo, não viabiliza o orçamento rectificativo, muito menos o PSD ou o CDS o podem viabilizar. Se, como tudo indica, o PSD viabilizar o orçamento rectificativo, acho que deve ser Passos Coelho a demitir-se da liderança. O país precisa de uma oposição a sério a este governo e não de partidos amorfos, que vêem o seu próprio governo ser derrubado e vêm logo a seguir oferecer a outra face, apoiando quem os derrubou. E não me venham com a treta do interesse nacional. O interesse nacional é precisamente que não sejam gastos os 3.000 milhões que se quer meter no BANIF, agravando o défice e a dívida. O voto do PSD a favor deste orçamento só demonstrará uma coisa: que António Costa tem todas as condições para ser primeiro-ministro. Pedro Passos Coelho é que não tem manifestamente condições para continuar a liderar a oposição.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:15

O regresso do arco da governação.

Terça-feira, 22.12.15

Nos últimos tempos houve muitas vozes que se congratularam com o fim do arco da governação, tendo até António Costa proclamado que tinha derrubado o muro de Berlim quando chamou o BE e o PCP a apoiar o seu governo. É, no entanto, evidente que o coração do PS, com o seu europeísmo militante, balança muito mais no sentido do PSD e do CDS do que no sentido das posições do PCP e do BE. Por isso, o mais provável é que o PCP e o BE acabem nesta história a fazer a figura de maridos enganados, apoiando entusiasticamente o governo PS, para ele depois cair nos braços do PSD e do CDS.

 

Este caso do BANIF é a prova provada dessa situação. António Costa tomou a decisão que o establishment europeu pretendia e Cavaco Silva já tinha pedido, quando lhe exigiu que "assegurasse a estabilidade do sistema financeiro". É uma decisão da qual eu pessoalmente discordo, mas que é típica dos partidos do arco da governação, que empenham sempre todo o dinheiro que o país não tem, numa vã tentativa de salvar bancos falidos. Nesta lógica, nem sequer se percebe para que é que se instituiu um Fundo de Garantia dos Depósitos, já que nunca será accionado, uma vez que o Estado é generoso e está sempre disponível para salvar os bancos.

 

Não admira por isso que Passos Coelho tenha vindo a correr apoiar a decisão de António Costa. Já Jerónimo de Sousa correctamente recusou-se a passar essa factura para os contribuintes, anunciando o voto contra no OE rectificativo. Já o Bloco de Esquerda condicionou o seu voto favorável a novas exigências, que Costa terá que cumprir. É, por isso, óbvio que o Orçamento Rectificativo vai ser aprovado é com os votos da direita, colocando António Costa na posição de Alexis Tsipras, com os apoiantes do governo a votar contra as suas medidas, que só são aprovadas pela oposição. Nessas condições, prevêem-se eleições a curto prazo.

 

Em qualquer caso, parafraseando Mark Twain, é manifesto que a anunciada morte do arco da governação foi um exagero. O arco da governação está bem vivo e recomenda-se.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 13:12

A força de acreditar.

Segunda-feira, 21.12.15

 

Eu sempre tive a certeza de que o governo e o Banco de Portugal iriam resolver com sabedoria e eficácia a questão do BANIF. Como se viu, só vai ser preciso os contribuintes gastarem € 2.255 milhões de euros para que outro banco possa comprar por € 150 milhões um banco que tem € 12 788 milhões de activos (cerca de 7% do PIB) e € 6 271 milhões de depósitos, para além de um passivo que não deve ter grande relevo. Feliz o comprador, que fez este negócio. Felizes os trabalhadores e depositantes, que vão poder continuar a trabalhar no balcão onde sempre estiveram. Felizes os credores, que vêem fugir os activos do seu devedor na resolução, mas ganham a seu benefício a maior credibilidade do sistema financeiro. E felizes os contribuintes, que podem continuar a pagar os seus impostos com alegria, sabendo-se que eles se destinam a ser gastos numa operação altamente meritória, como o é a resolução bancária. Gosto imenso uma história com final feliz. A natureza ensina-nos a acreditar. E eu acredito, como sempre acreditei.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:31

A folha viçosa.

Quinta-feira, 17.12.15

Vasco Pulido Valente tinha justamente escrito há uma semana o seguinte sobre a candidatura de Sampaio de Nóvoa: "O dr. Nóvoa apresenta como a sua maior credencial o facto de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio lhe darem a sua bênção e o seu apoio. Mas nenhum dos três se explicou ainda a esse respeito e o país continua sem saber o que eles, com a sua suposta clarividência, viram naquela tristíssima personagem". 

 

Agora o Dr. Jorge Sampaio aceitou o repto e já nos esclareceu as razões desse apoio. Segundo ele, "o esforço que Nóvoa tem desenvolvido mostra abertura de espírito, uma correcta interpretação dos poderes presidenciais e os grandes ideais por que se bate são coisas fundamentais num Presidente da República". Se o critério é este, não entendo o que distingue Nóvoa de 99,99% da população portuguesa em idade de votar, que seguramente também tem "abertura de espírito", entende quais são os poderes presidenciais, e tem ideais. Quem não os tem?

 

Pareceria assim que Jorge Sampaio entende que apoia Nóvoa como podia apoiar um desconhecido qualquer para presidente. Isso só nos faria concluir pela absoluta irrelevância do cargo que em tempos ocupou. Mas não. Ele acha que "as eleições presidenciais são muito importantes, Abril já foi há muito tempo e as pessoas esquecem-se”. Parece assim que o objectivo da candidatura é permitir aos mais esquecidos que se recordem dos bons velhos tempos de Abril. Tal só demonstra que eu tive razão quando escrevi aqui que a razão destes apoios é o candidato lhes recordar as suas maiores paixões da juventude, a luta intransigente pelos gloriosos amanhãs que cantam, o que o torna irresistível para políticos com mais de 75 anos.

 

Vítor Bento disse uma vez com razão ser absolutamente intrigante que "uma parte importante da classe política considere, ao fim de 40 anos de regime, que a Presidência da República - que em caso de crise grave é o último fusível do regime - é o local ideal para se perder a virgindade política". Mas Jorge Sampaio explica que "um Presidente da República não é uma folha seca, é alguém que tem de ter princípios e valores que defende a Constituição e está recheado de vivências". Jorge Sampaio explica assim aos portugueses que apoia Nóvoa porque o considera uma folha viçosa. Isto só me faz lembrar quando o Dr. Jorge Sampaio anunciou que havia mais vida para além do orçamento. Se me permitirem o trocadilho, eu diria que nesta candidatura há muito viço e pouco siso.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 18:07

A submissão do MRPP.

Terça-feira, 15.12.15

Num livro extraordinário denominado Soumission, Michel Houellebecq fantasia sobre as eleições presidenciais francesas de 2022, às quais concorreria Marine Le Pen, juntamente com os tradicionais candidatos socialista, republicano, mas também um candidato islâmico. Sucede, no entanto, que, devido à divisão dos candidatos tradicionais, quem vai à segunda volta com Marine Le Pen é precisamente o candidato islâmico, cujo programa é nem mais nem menos do que a islamização total da sociedade francesa. No entanto, os outros candidatos manifestam apoio ao candidato islâmico, preferindo-o a Marine Le Pen, e, mal se vê eleito, o candidato transforma a França num estado islâmico, abolindo o laicismo da república e determinando uma revolução nos costumes, que abrange até o vestuário das mulheres.

 

Quando li esse livro, achei a hipótese aterrorizadora, mas absurda. Afinal parece que não o é tanto, já que o MRRP, capitaneado pelo grande educador da classe operária, Arnaldo Matos manifestou apoio aos jihadistas de Paris. Segundo ele, foi "o imperialismo a causa real, verdadeira e única do ataque a Paris. Agora os franceses já sabem que a guerra de rapina movida pelo imperialismo francês em África e no Oriente Médio tem como consequência inevitável a generalização da guerra à própria França, à capital desse mesmo imperialismo moribundo". E acrescenta que "não só não foi um massacre, como foi um acto legítimo de guerra; não foi cometido por islamitas, mas por jiadistas, isto é, combatentes dos povos explorados e oprimidos pelo imperialismo, nomeadamente francês; e acima de tudo – coisa que estes revisionistas de pacotilha intentam ocultar – foi praticado por franceses, nascidos em França, vivendo em São Dinis e noutros bairros do Paris suburbano. Pois é, os combatentes de Paris não são islamitas estrangeiros; são irmãos de sangue do filósofo Alain Badiou e de outros ideólogos do Partido Comunista de França (marxista-leninista-maoista)".

 

Segundo Arnaldo Matos, "a lógica profunda do ataque a Paris não é o terror, não é o horror, não é a crueldade; a lógica é a lógica da guerra, dente por dente, olho por olho, até derrotar o inimigo. Terror, horror, crueldade são os ataques aéreos, de mísseis de cruzeiro, de artilharia, de drones, conduzidos pelo imperialismo, designadamente francês, sobre os homens, os velhos, as mulheres e as crianças das aldeias e das cidades de África e do Médio Oriente, para roubar-lhes o petróleo e as matérias-primas. Os atacantes de Paris nem chocolates roubaram: levaram a guerra aos franceses, apenas para acordá-los: para lembrar-lhes que o governo e as forças armadas do imperialismo francês estão, em nome da França e dos franceses que julgam ter o direito de se poderem divertir impunemente no Bataclan, a matar, a massacrar, a aterrorizar com crueldade inenarrável os povos do mundo".

 

Desde a queda de Garcia Pereira que o MRPP anda completamente à deriva. Agora Arnaldo Matos acha que os jihadistas e os proletários têm a mesma luta, e até sustenta que "os direitos do homem, os direitos humanos fundamentais são uma exigência do mercado capitalista, para poder explorar, sob uma cobertura jurídica, os operários. Os direitos humanos fundamentais são uma forma ideológica de dominação dos operários, porque respondem a uma necessidade do modelo económico hegemónico do capitalismo e tendem à reprodução desse modelo". Les beaux esprits se rencontrent.

 

Mas há uma coisa em que Arnaldo Matos tem razão. A lógica do ataque a Paris é a lógica da guerra. Ele e o MRPP escolheram um lado. Eu estou naturalmente do outro lado da trincheira.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:29

O candidato menos mau.

Sexta-feira, 11.12.15

Não concordo nada com a análise que o Luís Naves faz da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando-o uma "personalidade com indiscutível carisma e conhecimento do país". E muito menos acho que Marcelo seja "capaz da moderação e da equidistância", ou "alguém que dê garantias de confiança e firmeza, de um presidente colocado ao centro, capaz de negociar com as diferentes forças, proporcionando entendimentos entre elas".

 

Pelo contrário, acho que Manuel Maria Carrilho disse tudo quando o qualificou como "ex-líder partidário, ex-candidato à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, ex-ministro, etc. (tudo funções em que, aliás, nunca se destacou especialmente), titular de uma homília pastoral dominical, no telejornal nacional de várias televisões, como se cada minuto lá passado não estivesse ao serviço de ambições políticas pessoais, óbvias para todos". Como ele bem diz, durante os últimos 15 anos a sua actividade limitou-se a um comentário televisivo, que constituiu "uma humilhação constante da mais elementar ética jornalista, com comentários combinados, exibição de cachecóis futebolísticos ou oferta de leitões bem temperados, à mistura com a mostra de livros nem sequer folheados, perante o silêncio e a impunidade gerais!". Mas o que interessa é aparecer na televisão, já que, como uma vez disse Emídio Rangel, a mesma tanto pode vender sabonetes como fazer eleger o presidente da república.

 

Que moderação e equidistância pode oferecer Marcelo aos outros líderes partidários? Passos Coelho já o qualificou como "um catavento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político". Com Paulo Portas são conhecidos os velhos litígios desde a história da vichyssoise. Agora o PSD e o CDS aparecem a recomendar o voto em Marcelo, mas como justificação apresentam apenas o "equilíbrio político". Importam-se de repetir? Para Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, Marcelo nada representa. Só António Costa parece ter alguma proximidade com Marcelo, o que, deve dizer-se, não o recomenda nada em termos de equilíbrio político. Aliás, com a conhecida habilidade de Marcelo em criar factos políticos, receio que o palácio de Belém se torne o maior foco de instabilidade de que há memória em Portugal. 

 

Apesar disso, eu vou votar em Marcelo Rebelo de Sousa. E a explicação é simples. Reside nos outros candidatos que se apresentaram. Perante um candidato folclórico, sem qualquer currículo político, e que todos os dias nos mimoseia com disparates, uma candidata lançada por uma ala do seu partido, sem mais nada que a recomende, e dois candidatos de partidos da extrema esquerda, que apenas pretendem cumprir os mínimos, é óbvio que eu só poderia votar em Marcelo. Mas não me venham dizer que ele é o melhor candidato. É apenas o candidato menos mau.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:14

O candidato da direita às presidenciais.

Terça-feira, 08.12.15

Marcelo garante que fará tudo para que o governo de Costa seja duradouro.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:09





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