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A mesquita de Medina.

Quinta-feira, 26.05.16

Nada tenho contra a construção de mesquitas em Lisboa. Há uma mesquita que funciona ao pé do meu escritório e tem sido absolutamente exemplar em termos de convivência pacífica com os moradores da zona. Por isso até acho muito bem que se construa uma nova mesquita na Mouraria, um lugar com grandes raízes de presença muçulmana. O que já não acho nada bem é que o Presidente da Câmara queira construir a mesquita em questão à custa dos impostos e taxas que sistematicamente anda a extorquir aos lisboetas. Num Estado laico não há qualquer razão para que os dinheiros públicos financiem a construção de templos, seja qual for a religião que neles seja praticada. E considero especialmente grave que um proprietário esteja a ser expropriado dos seus bens, devido a esta intenção do Presidente da Câmara, Fernando Medina, que pelos vistos quer lançar uma nova Mesquita de Medina, agora em Lisboa. Qual é o interesse público que pode estar subjacente a esta expropriação? E dizem que isto foi aprovado por todos os partidos na Câmara? Será que em Portugal os cidadãos não têm um único partido que os defenda?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 10:18

Vão-se catar.

Terça-feira, 24.05.16

Até agora o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa na presidência tem sido um absoluto desastre, não se percebendo para onde quer ir o Presidente. Apesar de ter sido eleito pela Direita, só tem feito o jogo da Esquerda, chegando ao ponto de querer minimizar as péssimas notícias que todos os dias surgem, lançando areia para os olhos dos portugueses. A viagem que fez a Moçambique, onde propôs ser mediador entre o Chefe de Estado do país visitado e um simples guerrilheiro, deve ficar nos anais da História como o maior absurdo diplomático alguma vez praticado por um Presidente, mesmo contando com aquela vez em que uma intervenção de Jorge Sampaio levou a África do Sul a expulsar o embaixador português.

 

Há, porém, um ponto em que Marcelo tomou uma iniciativa louvável: a abolição do acordo ortográfico. É verdade que a intervenção dos talibans do costume, para quem o acordo ortográfico é o mais sagrado de todos os textos religiosos, de uma verdadeira inspiração divina, o fez recuar em toda a linha. Talvez para o castigar pela ousadia, o Diário de Notícias resolveu escrever que o Presidente foi visitar o Conservatório Nacional e comprou um "cato triste". Confesso que ao ler esta notícia, fiquei a pensar a que se referia o texto: ao político romano Catão, o Velho? Ao Kato, o chinês das artes marciais, que costumava acompanhar o Green Hornet? Ou será que o Presidente, cansado do cão que lhe deram os militares, decidira antes comprar um gato?

Mas depois, ao ler o texto, percebi que se falava antes de plantas, portanto o que o Presidente comprou foi um cacto, segundo explicou para não ficar demasiado optimista. Bem precisa o Presidente do tal cacto para perceber os espinhos das políticas que este governo, que tanto tem apoiado, anda a causar todos os dias ao país. E a imagem do cacto é um excelente aviso aos portugueses, que terão na planta, que acumula água no deserto, um exemplo da necessidade de poupança para os tempos negros que se avizinham.

Já em relação àqueles que continuam a querer à força obrigar toda a gente a escrever desta forma absurda, digo simplesmente: vão-se catar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:44

Demasiado óbvio.

Quarta-feira, 18.05.16

Nos últimos dias houve uma verdadeira choradeira nacional para que não fossem aplicadas sanções a Portugal, que praticamente uniu Governo, Oposição e Presidente da República. Todos eles apelaram à complacência de Bruxelas, chamando a atenção para a injustiça das sanções. Pessoalmente nunca tive grande esperança nesse método. Embora o povo costume dizer que quem não chora não mama, a verdade é que esse ditado é para aplicar a bebés. Dos adultos espera-se em princípio outro tipo de comportamento, e não me parece que uma choradeira fosse impedir as instituições comunitárias de aplicar as regras com que nos comprometemos para entrar no euro. Já se devíamos ter entrado, é outra conversa.

 

Mas como o mundo funciona com base na Realpolitik, a Comissão Europeia acaba de dar a sua resposta: Portugal e Espanha continuam no procedimento de défice excessivo, mas a decisão sobre as sanções é adiada para Julho. Obviamente que isto nada tem a ver com o facto de a Espanha ir ter eleições no fim de Junho e de as sanções aplicadas serem um excelente tema de camapnha eleitoral. Será que julgam que somos todos parvos?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 13:07

Evocação das Lajes.

Domingo, 08.05.16

Há uma coisa que impressiona na política portuguesa e que é os políticos não terem consciência da sua pequena dimensão. A Portugal foi solicitado que albergasse nas Lajes a cimeira da guerra no Iraque apenas porque era geograficamente o local mais conveniente para a deslocação de Presidente dos EUA, do Primeiro-Ministro inglês e do Chefe do Governo espanhol. Não havia qualquer intenção de arrastar Portugal para a decisão ou de lhe dar qualquer papel na mesma. Miguel Portas percebeu isso muito bem quando disse que não sabia se Durão Barroso ia ser o porteiro ou o mordomo na cimeira, mas que uma dessas duas coisas seria certamente. Durão Barroso quis manifestamente ser mais que isso, falou numa cimeira 3 + 1, e esforçou-se imenso para aparecer na fotografia, mas a nível internacional a sua imagem foi cortada e ninguém lhe deu maior estatuto do que o de anfitrião da cimeira, ou seja, nenhum.

 

Como neste momento a memória da cimeira das Lajes caiu em desgraça, Durão Barroso achou que deveria partilhar o opóbrio da cimeira com Jorge Sampaio, dizendo que ele teria concordado com a mesma. Este obviamente não se deixou ficar, e lá publicou umas evocações presidenciais, para, segundo ele diz, "fazer uma breve revisitação dos anos 2002-2003 deste século, determinantes que foram para o caos que hoje se vive no plano internacional". Nessa "breve revisitação" sacou de todos os seus registos, acusando Durão Barroso de crimes tão hediondos como o de ter memória selectiva (!) e de o ter acordado às sete da manhã com esta questão (!!). Não nega ter efectivamente concordado com a cimeira, talvez devido ao facto de ter acordado estremunhado nesse dia, alegando, porém, que a sua concordância foi para evitar "abrir um conflito institucional que em nada serviria o país". Mais vale de facto evitar um conflito institucional no país do que uma cimeira no país para organizar a guerra no Iraque.

 

Mas mesmo assim Jorge Sampaio acusa Durão Barroso de ter organizado a cimeira nas suas costas, uma vez que a mesma foi realizada 48 horas depois, e "não é preciso ser-se perito em relações internacionais para se perceber que eventos deste tipo não se organizam num abrir e fechar de olhos". Se Jorge Sampaio acha que 48 horas, num período de crise internacional, correspondem a um abrir e fechar de olhos deve ter um sono muito profundo.

 

É assim claro que Jorge Sampaio concordou com a organização da cimeira nas Lajes. Ele próprio o reconhece, mas também diz que não tinha que ter concordado, uma vez que "não é necessário ser-se constitucionalista, para se perceber que não cabe ao Presidente autorizar ou deixar de autorizar actos de política externa". Mas entende contraditoriamente que "o Presidente tem o direito constitucional a mostrar a sua discordância perante a condução da política externa e não está obrigado a acatar, sem intervenção e passivamente, decisões assumidas pelo Governo". Afinal em que ficamos?

 

Temos assim uma verdadeira guerra do alecrim e da manjerona sobre uma questão absolutamente ridícula: se a cimeira não fosse nas Lajes, mas nas Bermudas, nos Barbados, em Cabo Verde, ou até num porta-aviões a meio do Atlântico, a guerra teria sido evitada? É óbvio que não. Abrir esta discussão neste momento é por isso absolutamente ridículo. Os portugueses têm coisas muito mais sérias com que se preocupar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:42

Isto está muito perigoso.

Sábado, 07.05.16

 

Este vídeo ilustra bem a estratégia que vai ser ser seguida por Hillary Clinton na sua campanha presidencial: fazer uma campanha pela negativa, salientando os deméritos de Donald Trump e apostando na divisão do Partido Republicano. À primeira vista, a estratégia parece correctíssima. Donald Trump é um pesadelo para qualquer eleitor minimamente consciente e seria uma situação próxima do apocalipse imaginá-lo a liderar os Estados Unidos. Mas por acaso poderemos dormir descansados, convencidos de que isso não vai acontecer? Infelizmente acho que não.

 

E acho que não por uma simples razão: todos os candidatos republicanos que aparecem no vídeo são muito mais credíveis do que Donald Trump, e todos esses candidatos usaram a mesma estratégia de chamar a atenção para os enormes problemas da nomeação de um candidato racista, xenófobo e misógino. O problema é que apesar disso todos foram estrondosamente derrotados por Trump. Valerá por isso a pena Hillary Clinton voltar a apostar nesta estratégia? Tenho as maiores dúvidas. E especialmente a acentuação da divisão do partido republicano não me parece uma grande estratégia, quando Trump já é o virtual nomeado enquanto Hillary Clinton vai lutar até ao último segundo com Bernie Sanders.

 

O que as sondagens demonstram é que se Donald Trump bate todos os recordes de rejeição dos norte-americanos, Hillary Clinton também tem imensas rejeições. Em Novembro deveremos assistir assim a uma abstenção sem precedentes nas eleições americanas. E neste caso todos os resultados são possíveis. Depois da hipótese de um Brexit em Junho, o verdadeiro filme de terror seria ver Donald Trump atingir a presidência dos EUA em Novembro.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 18:22





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