A promulgação do Orçamento.
— Oh Marcelo, para ser mais depressa, promulga o Orçamento mesmo de cruz.
— Porquê? Há outras maneiras de promulgar?
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Ir buscar lã e sair tosquiado.
Marcelo Rebelo de Sousa foi sempre conhecido por conseguir fazer sozinho a festa, lançar os foguetes e apanhar as canas. A questão é que quem quer mexer em material pirotécnico muitas vezes acaba por se queimar. Neste caso da Cornucópia, uma verdadeira birra de alguém, que de repente descobriu que o subsídio que recebeu durante três anos afinal não chega, tudo aconselhava a que o Presidente se colocasse a milhas do assunto, até porque a sua intervenção, ao contrário do que é habitual, não fora solicitada. Marcelo, porém, resolveu mergulhar de cabeça no caso, a fazer lembrar o seu célebre mergulho no Tejo, e arrastou para as águas do mesmo um estrebuchante Ministro da Cultura, que bem se deve ter perguntado o que tinha ido lá fazer, quando o esperavam em Castelo Branco, onde seguramente estaria livre de sarilhos. Porque Marcelo, que declarou ter uma ligação à Cornucópia tão profunda que até tinha estado na sua sessão inaugural, reclamou imediatamente um estatuto de "excepção" para evitar o encerramento da mesma, que naturalmente seria reclamado a seguir por todos os outros teatros do país. A verdade é que o Ministro caiu na esparrela, tendo chegado a declarar que a Cornucópia tinha uma história extraordinária e "uma situação especial" e que, se a companhia quisesse sobreviver, o Governo estaria disposto a conversar. E com isto Marcelo saiu do teatro no papel do rei salvador da Pátria, ou mais prosaicamente da Cornucópia, ao mesmo tempo que meteu o Ministro da Cultura no bolso, cuja função no governo passaria a ser apenas a de assinar os cheques das "excepções" aceites pelo Presidente.
Só que a peça acabou por sofrer um twist inesperado, já que os encenadores decidiram alterar o papel de Marcelo à última hora, que passou de rei salvador da Pátria a bobo da corte. Foi assim que em primeiro lugar Luís Miguel Cintra declarou que nunca tinha pretendido qualquer estatuto de excepção, mas apenas encerrar o teatro. Depois foi Jorge Silva Melo a contestar que Marcelo tivesse assistido à primeira sessão do teatro, ao contrário do que este tinha afirmado. Vendo Marcelo a afundar-se, o Ministro da Cultura saltou logo borda fora, dizendo que a proposta de Marcelo de um estatuto de excepção, que lhe tinha parecido tão boa no palco, afinal não era uma boa ideia.
Chama-se a isto ir buscar lã e sair tosquiado.
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A guerra na Europa.
Num só dia tivemos um atentado em Berlim, outro atentado em Zurique e o assassinato do embaixador russo em Ancara por parte de um polícia turco, que gritou vivas a Alepo, cidade que acaba de ser reconquistada ao Estado Islâmico pelas forças governamentais sírias, com o apoio da Rússia. É manifesto que estamos perante uma verdadeira guerra no terreno, de que o conflito sírio é apenas um balão de ensaio, assim como a guerra civil espanhola, que precedeu a II Guerra Mundial. A Europa encontra-se neste momento ocupada por verdadeiras quintas-colunas, onde o inimigo pode estar à espreita em qualquer canto, podendo ser o motorista do camião que circula na estrada ou até mesmo um agente de autoridade, preparados para a qualquer momento lançar o ataque. Precisamente por isso a Europa tem que deixar de enfiar a cabeça na areia como a avestruz e preparar-se para se defender, até porque a América já não vai estar disponível para financiar a sua defesa. É mais que tempo de a Europa perceber que enfrenta uma guerra no seu território e mobilizar-se para combater. Porque não haja ilusões: se a guerra põe naturalmente em risco o bem-estar dos europeus, nada fazer perante a guerra será seguramente muito pior.
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Primeiro de Dezembro.
O Rei de Espanha já se foi embora?