O caso da Islândia.
As preocupações com a crise da zona euro têm levado a maior parte dos observadores a ignorar a situação da Islândia, talvez o país mais atingido pela crise financeira internacional que provocou o descalabro do seu sistema bancário e a bancarrota do país, com repercussões no Reino Unido e na Holanda, que se viram obrigados a desembolsar cinco mil milhões de dólares aos seus depositantes, afectados pela falência do banco islandês Icesave. Desde então a Islândia tem sido notícia apenas por se ter recusado em referendo a rembolsar esses países e por episodicamente um dos seus vulcões colocar em risco o tráfego aéreo europeu. A este propósito surgiu uma graça na Inglaterra e na Holanda, segundo a qual se deveria dizer aos islandeses: "Give us our cash, not your ash".
Pois hoje a Islândia volta a ser notícia por estar a levar a tribunal o seu antigo primeiro-ministro, Geir Haard, acusado de negligência no colapso do sistema financeiro do país. É um bom princípio aquele de que quem causa danos colossais aos seus cidadãos no exercício de cargos públicos responda em tribunal, caso a sua negligência venha a ser provada. O que eu já não sabia é que a insensibilidade desse senhor Geir Haarde era tão grande que disse aos seus concidadãos que tinham perdido todas as suas poupanças com a nacionalização dos bancos para irem pescar e para comerem aquilo que pescassem. É difícil encontrar tão grande demonstração de insensibilidade na gestão dos negócios públicos. Que isto seja possível num governante de um país democrático europeu em pleno séc. XXI é algo que deveria fazer a todos reflectir. É pena que ninguém tivesse dito em tempo útil a esse senhor para se dedicar à pesca em lugar de ir assumir cargos públicos.