O governo europeu da Senhora Merkel.
Para mal dos nossos pecados, a Senhora Merkel, que apenas os alemães elegeram para mandar no seu país e se preparam para rapidamente despedir, conseguiu por abstenção dos outros líderes europeus mandar em toda a Europa. O seu poder sobre os outros Estados é de tal ordem que até o Primeiro-Ministro Passos Coelho consegue numa visita a Berlim desdizer tudo o que Portugal até agora tinha dito sobre eurobonds, deixando até perplexo Felipe González.
A Senhora Merkel acaba, porém, de reconhecer que o euro começa a estar em risco e que a previsível saída da Grécia terá um efeito dominó perigoso. Efectivamente, depois da Grécia seguir-se-á Portugal, Irlanda, e provavelmente Espanha e Itália. A questão é que os tratados nem sequer prevêem a saída de nenhum país do euro, mas apenas a saída da própria União Europeia. É por isso manifesto que o descalabro do euro acarretará o desmoronar da União Europeia, pois não pode a liberdade de circulação de mercadorias continuar a existir se os vários países europeus começarem a competir entre si, desvalorizando as respectivas moedas. Os países do Norte criarão imediatamente barreiras alfandegárias à circulação das mercadorias oriundas dos países do Sul.
Aí está como o governo europeu da Senhora Merkel, a que foi conduzida como resultado da omissão dos órgãos da União Europeia, corre o risco de levar ao desmoronar da própria União Europeia. Helmut Kohl já avisou.