O senhor que se segue.
Terça-feira, 23.09.14
O primeiro debate foi uma vitória de António José Seguro por KO, o que surpreendeu todos, incluindo a mim próprio. O segundo debate saldou-se por um empate técnico. Neste terceiro debate António Costa não deixou os seus créditos por mãos alheias e foi absolutamente arrasador, deixando Seguro sem qualquer possibilidade de defesa. Seguro nunca atirou a toalha ao chão, mas a sua situação no debate de hoje equivaleu a um KO técnico.
A única vez em que os dois candidatos estiveram equilibrados foi quando responderam às perguntas do moderador, o que deu para perceber que defendiam exactamente a mesma coisa, mais parecendo Dupont e Dupond: "— É preciso combater o desemprego e criar riqueza. — E eu direi mais, é preciso acabar com o flagelo do desemprego e desenvolver o país". A partir daí Seguro enredou-se numa estratégia suicida. Primeiro repetiu a argumentação estratégica do primeiro debate de culpabilizar Costa pelo seu avanço mas, como seria de esperar, este estava preparado e devolveu os golpes. Depois, não percebendo que estava numa eleição interna, caiu no ridículo de comparar Costa a Passos Coelho, o que este também facilmente desmontou. A única vez em que Seguro teve algum sucesso foi quando usou um autêntico golpe baixo, ao falar dos apoiantes de Costa. Foi esta a única vez em que Costa acusou o golpe, mas depois de alguma hesitação também se desenvencilhou até com elegância. Em consequência, no momento final, Seguro parecia completamente perdido, enquanto Costa assumiu a pose de homem de Estado.
Costa esteve sempre a meu ver em vantagem nos eleitores socialistas, mesmo quando Seguro ganhou o primeiro debate. Mas depois do massacre de hoje, é evidente que Seguro já era. António Costa é o senhor que se segue no PS. E, se este assunto tiver desenvolvimentos, até é capaz de disputar as legislativas mais cedo do que pensava.