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Revisitando o governo de Santana Lopes.

Sexta-feira, 05.01.18

Santana Lopes tem razão quando se queixa de que ninguém no partido lhe chamou a atenção para as trapalhadas do seu governo, quando estas saltavam aos olhos de toda a opinião pública. O mal dos partidos políticos portugueses sempre foi o excessivo seguidismo que têm pelos seus líderes. Em 2004, quando Santana Lopes fez todas aquelas trapalhadas no seu efémero governo, deveria ter sido o PSD a promover internamente a sua rápida substituição no cargo de Primeiro-Ministro, o que teria evitado a dissolução de Jorge Sampaio, e a entrega do país a Sócrates. Margaret Thatcher tinha sido uma excelente Primeira-Ministra e foi destituída pelo Partido Conservador quando se tornou evidente que o seu governo estava esgotado, o que permitiu que os conservadores voltassem a ganhar com John Major. Os partidos não são meras estruturas de apoio ao líder. É antes o líder que deve colocar-se ao serviço do partido.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:31

O governo que temos.

Terça-feira, 21.11.17

Uma boa demonstração de como funciona este governo é este processo da candidatura à Agência Europeia do Medicamento. Por pressão do autarca do Porto, retira-se a candidatura de Lisboa, que tinha todas as hipóteses de ganhar, para lançar a do Porto, e depois fica-se contente por este ter ficado em sétimo lugar. A Agência Europeia do Medicamento estava em Londres, a capital do Reino Unido, não estava em Manchester, nem em Southampton. Era evidente que, a ir para Portugal, só podia ir para a sua capital. Por isso mesmo acabou por ir para Amesterdão. É por isso que no governo alguém devia assumir responsabilidade pela condução deste processo, que prejudicou seriamente o país. Mas já se sabe que tal nunca acontecerá.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 10:31

A explicação.

Terça-feira, 17.11.15

Vejo muita gente à esquerda altamente preocupada com a suposta hesitação de Cavaco em dar posse ao magnífico Governo, que tão laboriosamente António Costa construiu em três "acordos" com os partidos à sua esquerda. Não compreendem as audições que o Presidente está a realizar e especialmente não conseguem compreender por que razão foi agora o Presidente à Madeira.

 

A explicação é simples: Cavaco foi à Madeira recordar as técnicas de anilhar cagarras. E quando voltar, explicará calmamente a António Costa que, ou ele anilha o BE, o PCP e o PEV num acordo de governo a sério, ou que se prepare para ser ele o anilhado, mantendo-se fora do governo até às próximas eleições.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:14

Contributo do PCP para o programa de governo de António Costa.

Terça-feira, 20.10.15

PCP propõe em Bruxelas apoios a quem saia do euro.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 21:31

Gloria in excelsis DEO.

Quarta-feira, 30.04.14

 

Tinha escrito aqui há dias que para este Governo o céu é o único limite para o aumento da carga fiscal. Esta apresentação do DEO, depois de sucessivos adiamentos, acaba de demonstrar que estamos perante um Governo de fanáticos, cuja única obsessão são os aumentos estratosféricos de impostos, os quais proclamam para gloria in excelsis Deo. O IVA a 23,25% passará a ser o sexto mais elevado da UE, ultrapassando mesmo a Grécia, que alegam ser o único falhanço dos programas de ajustamento. Os cortes temporários de salários passam a ser de tal forma definitivos que só se admite que o nível salarial de 2010 regresse em 2020, se os programas de redução de funcionários correrem como esperado. A CES, que também se prometia extinguir, afinal vai ser substituída por um sucedâneo qualquer, continuando a ser cortadas as pensões em pagamento. E nem a TSU dos trabalhadores é deixada em paz, permanecendo intocável a dos empregadores. Para mim este Governo acaba de reconhecer o fracasso total destes três anos de ajustamento e deveria ir imediatamente embora. É evidente que já DEO o que tinha a dar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 20:02

O soldado disciplinado e leal.

Quarta-feira, 16.10.13

Se há uma coisa que me choca profundamente na actual classe política é a falta de convicções da maioria dos seus membros. Pessoas que convictamente defendem uma solução depois chegam ao Parlamento e ao Governo e vêm fazer absolutamente o contrário, baseando-se apenas no servilismo em relação ao chefe. O caso de Pires de Lima é particularmente elucidativo: vindo do sector privado onde tinha feito sucesso, foi feito ministro de uma pasta onde era vital que conseguisse dar um novo ímpeto à economia. Para isso, no entanto, era imprescindível que o deixassem aplicar as suas ideias e implantar o seu programa. Pires de Lima acaba, porém, por confessar que no governo, os que o julgavam um general estavam enganados. Não passa de um soldado raso "disciplinado e leal". E por isso nem sequer consegue, contra todas as expectativas, baixar o IVA da restauração, sendo assim manifesto que nada está a fazer na pasta da economia. Pires de Lima parece assim o soldado da guerra do Solnado que diz ao capitão que tinha feito um prisioneiro, mas quando lhe perguntam onde ele está, responde que "não quis vir". Se de facto a influência de Pires de Lima no governo é zero, cabe perguntar por que razão se mantém no cargo.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 18:26

Um governo de cábulas.

Terça-feira, 11.09.12

 

Parece que o Governo decidiu fornecer aos gabinetes ministeriais um guião a explicar as medidas de austeridade do Prof. Gaspar. Como ninguém conseguiu perceber essas medidas, é natural que os próprios governantes só o consigam fazer com o recurso à cábula. Estou mesmo a imaginar o trabalho dos assessores dos gabinetes: "Senhor Ministro, tem que empinar o guião do Prof. Gaspar! Repita lá devagar comigo: A su-bi-da da TSU com-ba-te o de-sem-prego por-que re-duz bas-tan-te (sublinhado) os de-sin-cen-ti-vos à con-tra-ta-ção de tra-ba-lha-do-res". Outro assessor dirá: "Senhora Ministra: Perceba de uma vez, como o Prof. Gaspar explica, que a subida da TSU, sendo um imposto, não pode ser vista como tal porque "as contribuições dos trabalhadores sobem, mas as contribuições das empresas descem". Olhe, afinal se calhar isto não está muito claro. O Prof. Gaspar não poderia explicar isto melhor?". Pobres assessores dos gabinetes ministeriais, imagino o trabalho que vão ter.

 

Hoje no Público (link indisponível) há um deputado do PP que diz sob anonimato: "Governar um país é coisa para gente crescida e madura!". Concordo inteiramente. Mas acrescento ainda que ser deputado ao Parlamento implica também assumir as responsabilidades pelo que o governo faz, já que o governo depende do parlamento, e pode ser derrubado por ele. Falar sob anonimato não é seguramente o que se espera de um deputado ao parlamento. Espera-se, isso sim, que exerça as competências para que foi eleito.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:52

O xeque do bispo.

Quarta-feira, 18.07.12

 

Já há muito tempo que nos habituámos a ouvir D. Januário Torgal Ferreira e saber que a sua posição é muito desalinhada da da Igreja Católica. D. Januário não se coíbe de criticar as posições da sua própria Igreja, como se vê aqui e aqui, sendo por isso natural que a hierarquia da Igreja se demarque das suas posições.

 

Também já não são novidade os ataques violentíssimos de D. Januário Torgal Ferreira a este governo. Aquando dos cortes dos subsídios D. Januário já tinha aqui qualificado a medida como uma inventona, típica da Inquisição, um acto de terrroismo, e que faria Sá Carneiro revolver-se no túmulo. Depois comparou as posições de Passos Coelho sobre a paciência dos portugueses às de Salazar, dizendo que lhe "parecia que estava a ouvir um discurso de uma certa pessoa há 50 anos" e que "o povo tinha que ir para a rua fazer a democracia". Não por acaso, surgiu logo a seguir uma notícia sobre os vencimentos que o bispo ganha, o que pelos vistos não o intimidou. O último ataque ao Governo é, porém, de uma violência extrema, falando o bispo em corrupção, em gangues, em diabinhos negros, etc., etc. O que espanta, no entanto, é que o Governo tenha decidido reagir em coro, quer por Paulo Macedo, quer por Aguiar-Branco.

 

Essas reacções permitem, no entanto, a D. Januário alimentar ainda mais a polémica, chegando a pôr em causa a autoridade de Aguiar-Branco. Ora, se há coisa que um Ministro da Defesa não pode ter é a sua autoridade posta em causa nas Forças Armadas, mesmo que a contestação venha apenas de um capelão.

 

Comparada com estes ataques de D. Januário, a oposição de António José Seguro parece a de um menino do coro. O bispo está em clara posição de xeque ao governo. Ou o governo se cuida ou arrisca-se a cair em xeque-mate.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:55

Portugal a caminho da Grécia.

Segunda-feira, 03.10.11

 

Conforme era previsível, mesmo depois das loucas medidas de austeridade, a Grécia vai voltar a falhar as metas do défice em 2011 e 2012. Portugal, pelos dados que foram recentemente conhecidos, também vai falhar essa meta, tendo mesmo conseguido, depois de todas as medidas de corte de salários e aumento de impostos, que o défice se elevasse de 7,7 para 8,3% do PIB só no segundo trimestre. Não é novidade nenhuma, uma vez que se sabe perfeitamente que introduzir medidas de agravamento dos impostos em épocas de crise só serve para gerar ainda menos receita fiscal. Mas provavelmente Portugal irá mascarar esse falhanço com um qualquer fundo de pensões, pensando que os mercados são parvos e não sabem distinguir receitas extraordinárias de ordinárias.

 

Confesso que, assistindo ao falhanço total do programa da troika na Grécia, fico preocupado que se insista em que essa via continua a ser a mais adequada para Portugal. Conforme tenho salientado, a definição perfeita de irracionalidade é repetir várias vezes o mesmo comportamento, esperando que ele alguma vez conduza a um resultado diferente.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:23

Prestação de contas já!

Sexta-feira, 11.03.11

 

 

 

Não gostei nada do debate de ontem da moção de censura. Acho que os partidos de centro-direita cometeram um sério erro, quando apostaram em ridicularizar a iniciativa do Bloco, qualificando-a como um "frete ao Governo" (Miguel Macedo) ou "moção de ternura" (Paulo Portas). Ora, independentemente de serem igualmente visados, uma moção de censura deve ser sempre levada a sério, pois é o instrumento pelo qual o Parlamento pode derrubar o Governo. Assim o Governo saiu reforçado do debate de ontem e o Parlamento enfraquecido. Quando for necessário os partidos de centro-direita apresentarem uma moção de censura, correm o mesmo risco de ser ridicularizados pela esquerda, assim abdicando o Parlamento da forma mais importante que tem de exercer o controlo sobre o Governo.

 

Ora, as notícias de hoje tornam evidente que é necessário que o Governo preste efectivamente contas do que se está a passar. Refere o Público hoje que foi descoberto um buraco nas contas públicas portuguesas. Se isso efectivamente aconteceu, é um facto de extraordinária gravidade a exigir o apuramento das competentes responsabilidades. Como é possível que o Ministério das Finanças e o Tribunal de Contas tenham permitido que se verificasse uma situação destas? E como é possível que isso leve a exigir mais sacrifícios a pessoas já tão injustamente sacrificadas como os pensionistas, isto depois do Orçamento de Estado mais brutal e injusto de que há memória em Portugal?

 

Em Portugal a culpa morre sempre solteira e a responsabilidade política é um conceito vazio. Os erros das medidas governamentais nunca são assumidos pelos governantes, mas antes pagos pelos cidadãos em impostos e sacrifícios. E os órgãos de soberania encarregados de fiscalizar o Governo não se mostram à altura da presente situação. O Parlamento hipotecou ontem a figura da moção de censura. E o Presidente, depois de um discurso demolidor para o Governo, já veio recuar em toda a linha, deixando os cidadãos absolutamente perplexos. Por mim, acho que é o tempo de dizer "basta!". Se há de facto um buraco nas contas, é necessária uma efectiva prestação de contas por parte do Governo. E se o Parlamento não as consegue exigir, então devem ser os cidadãos a fazê-lo, para o que é necessário realizar eleições o mais rapidamente possível.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:12





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