O juramento de Angela Merkel.
Em Portugal havia uma série de gente, desde António José Seguro a Freitas do Amaral, que tinha grande esperança no resultado das eleições alemãs. Sempre achei, pelo conhecimento que tenho da Alemanha em frequentes viagens, que não valia a pena esperar nada dali. Os alemães defendem os seus próprios interesses e Angela Merkel tinha-o feito impecavelmente, pelo que era óbvio que seria reeleita. Mas, mesmo que o não fosse, não haveria nenhum Governo alemão que aceitasse a história de os alemães pagarem as dívidas alheias, que é no fundo o que significam os eurobonds. Não valia a pena, por isso, diabolizar Angela Merkel. Se há alguém que merece críticas é, pelo contrário, Durão Barroso, que foi eleito para defender os interesses gerais da União Europeia e só tem defendido as pretensões alemãs.
Se houvesse dúvidas sobre o que é suposto fazerem os chanceleres alemães, elas podem ser desfeitas com a simples audição do juramento de posse do cargo, que consta do vídeo acima: "Ich schwöre, dass ich meine Kraft dem Wohle des deutschen Volkes widmen, seinen Nutzen mehren, Schaden von ihm wenden, das Grundgesetz und die Gesetze des Bundes wahren und verteidigen, meine Pflichten gewissenhaft erfüllen und Gerechtigkeit gegen jedermann üben werde. Ich schwöre es, so wahr mir Gott helfe". Ou seja: "Juro que vou dedicar os meus esforços ao bem do povo alemão, aumentar os seus benefícios, protegê-lo de danos, respeitar e defender a Constituição e as leis da Federação, cumprir conscientemente os meus deveres, e fazer justiça a todos. Juro-o, assim Deus me ajude".
Em relação ao povo alemão, Angela Merkel tem sempre cumprido impecavelmente o seu juramento. A pergunta é apenas se não se deveria instituir um juramento semelhante para o Primeiro-Ministro português, naturalmente agora relativo a Portugal. Porque quanto à União Europeia, esqueçam. Neste momento, cada país está por sua conta.