Tiros no pé.
Tenho uma profunda admiração por António Capucho, que considero um dos militantes do PSD com mais currículo de serviço prestado à causa pública desde há mais de 30 anos. Foi Deputado à Assembleia da República, Ministro em sucessivos Governos, Deputado ao Parlamento Europeu, onde foi Vice-Presidente, Presidente de Câmara e Conselheiro de Estado. Acho que não passava pela cabeça de nenhum líder partidário convidar um militante com este currículo político para ser Vice de um independente sem currículo político algum, e que foi chamado às listas no intuito calculista de obter mais um punhado de votos, que não lhe pertencem, e que por isso não serão transferidos para o PSD. A rejeição liminar de António Capucho é um acto que só o honra e constitui a resposta adequada a tão insólito convite.
Devo dizer que começo a estar cansado de tantos tiros no pé, como aqueles a que temos assistido nos últimos tempos. Primeiro foi o desastrado convite a Nobre, que ameaça causar mais réplicas políticas que o terramoto no Japão. Depois foram as declarações contraditórias em torno dos telefonemas e reuniões sobre o PEC 4. Agora são também as incoerências no discurso político a que já aqui chamou a atenção o António Nogueira Leite. Entretanto com isto o PS vai somando pontos nas sondagens. Há que arrepiar caminho enquanto é tempo. O PSD tem todas as condições e mais algumas para ganhar estas eleições. Se as perder, só se pode queixar dos tiros no pé que tem insistido constantemente em dar.