As declarações de Freitas do Amaral.
Estas declarações de Freitas do Amaral revelam não apenas uma enorme ignorância sobre a verdadeira situação fiscal dos portugueses como também um total alinhamento ideológico com a esquerda radical. Freitas do Amaral acha que os contribuintes que ganham mais de 10.000 euros têm sido poupados aos sacrifícios. A jornalista devia ter-lhe imediatamente contraposto o facto de a taxa máxima de IRS ter sucessivamente passado dos iniciais 40% para os actuais 46,5%, sendo que no ano de 2011 esses contribuintes ainda foram sujeitos a uma sobretaxa extraordinária de 3,5% o que colocou o seu nível de tributação em 50%. O facto de um contribuinte perder 50% do seu rendimento não é suficiente para o Professor? Qual então a taxa de tributação que propõe? 60%, 70%, 80% ou 90%? O problema é que, como qualquer fiscalista lhe poderia explicar, esses níveis de tributação levam a que os contribuintes não tenham incentivo a produzir rendimento, levando a que a receita fiscal desapareça.
Freitas do Amaral conhecia essa objecção, pelo que deu um argumento ainda mais espantoso: que mesmo não obtendo o Estado qualquer ganho fiscal, os contribuintes de maiores rendimentos devem ser penalizados por uma questão de justiça. Ou seja, para ele a tributação não visa assegurar receitas ao Estado mas sim punir os que mais ganham. Temos assim uma posição puramente ideológica, típica dos países comunistas, preocupados em igualizar os rendimentos dos cidadãos, não se importando que isso gere a pobreza do Estado. Naturalmente que neste caso os privilegiados são uma classe de apparatchiks que obtêm os seus rendimentos ocultamente dentro do próprio aparelho de Estado. Portugal pode não andar longe de cair neste modelo.
Com a ideologia que presentemente manifesta, não sei o que impede Freitas do Amaral de aproveitar o facto de o cargo de líder do Bloco de Esquerda ir vagar brevemente para se candidatar ao lugar.