Déjà vu.
Quem ouve um político falar em alteração dos escalões do IRS, sabe muito bem o que é que isso significa: mais impostos para os pretensamente mais ricos, ou seja na verdade a classe média. O pretexto é sempre baixar os impostos aos mais pobres, mas na verdade os pobres já não pagam impostos nenhuns. Por isso o esquema é sempre o mesmo: multiplicam-se os escalões de baixo onde já não se paga imposto e sobem-se os impostos dos escalões de cima, onde se pagam efectivamente os impostos. E em Portugal quem ganha 80.000 por ano é considerado pelo fisco como milionário, sendo obrigado a sustentar os delírios despesistas da classe política.
Já se sabia por isso qual é a receita que António Costa propõe para Portugal: impostos, impostos e mais impostos. Antes de sair da Câmara, ainda teve tempo de lançar um adicional ao IMI de 12,5%, a que eufemisticamente chamou "taxa de protecção civil", e que irá será cobrado aos lisboetas no próximo semestre. É por isso que qualquer pessoa percebe que, a partir do momento em que ele fala em alteração aos escalões do IRS, quer ir mais uma vez ao bolso dos contribuintes. No fundo é a velha estratégia socialista de aumentar os impostos, seguida por Hollande, e que teve resultados tão brilhantes que até Depardieu decidiu emigrar para a Rússia.
Só o Expresso é que pelos vistos não percebeu o óbvio. E, num verdadeiro acto de negação, achou que havia uma promessa de Costa baixar o IRS, semelhante ao "read my lips" de George Bush. Só que como não é preciso ler lábios para saber o que António Costa quer, já teve o jornal que corrigir o tiro, asssumindo a verdade de que a proposta de Costa é precisamente a de aumentar o IRS. Espero por isso que os portugueses dêem a António Costa a mesma resposta que os americanos deram a Walter Mondale quando ele anunciou que se fosse eleito iria aumentar os impostos. Em 2000 tínhamos a taxa máxima de IRS a 40% e a taxa normal de IVA a 16%. Será que não chega o que entretanto subiu, sempre com os mesmos pretextos? Tudo isto soa muito a déjà vu.