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O xeque à geringonça.

Quarta-feira, 18.10.17

Sempre me impressionou a obsessão politicamente correcta de, perante o colapso total de serviços públicos, a oposição não aparecer a exigir a demissão dos responsáveis políticos, com medo de ser acusada de querer obter ganhos à custa de tragédias. Essa obsessão não ocorre em mais nenhum país do mundo, sendo com naturalidade que os responsáveis políticos se demitem quando ocorrem situações graves no seu ministério. Há dias a Ministra da Defesa da Holanda demitiu-se por causa de um acidente que vitimou dois soldados holandeses no Mali. Em Portugal ocorrem mais de cem mortos, e a Ministra da Administração Interna continua em funções, com a total cobertura política do Primeiro-Ministro. E os defensores do governo apresentam o argumento espantoso de que a sua saída não resolve o problema. E o facto de ela ficar não agrava o problema da falta de confiança dos portugueses nas instituições?

 

Assunção Cristas percebeu que era tempo de reagir e apresentou uma moção de censura ao governo. Face à blindagem com que a Constituição protege o governo, a moção de censura não tem quaisquer hipóteses de ser aprovada, uma vez que necessitaria de que a maioria absoluta dos deputados votasse a favor da mesma. Por isso, até toda a esquerda se podia abster que a moção de censura não passava. Mas a moção de censura é um claro xeque ao governo e por arrastamento aos partidos que o suportam. Porque, sendo a moção de censura baseada apenas na situação da administração interna, todo o governo vai ser obrigado a solidarizar-se com a respectiva ministra, pelo que vai assumir uma culpa colectiva por uma situação que a maioria dos portugueses ainda vê como um simples problema da ministra. E os partidos da extrema-esquerda terão que votar naturalmente a favor do governo, o que os responsabilizará também por esta situação. Qualquer tentativa de estes partidos descolarem do governo para as eleições de 2019 ficará irremediavelmente comprometida, razão pela qual o PCP protesta furiosamente contra estas "manobras parlamentares".

 

Com esta iniciativa Assunção Cristas coloca assim a geringonça em xeque. Obriga António Costa a ligar o destino de todo o seu governo ao de Constança Urbano de Sousa, anulando os efeitos políticos da sua recente vitória nas autarquias, e faz o mesmo aos partidos de extrema-esquerda, que não permite que ensaiem qualquer descolagem do governo. Isto é política no seu estado puro, sendo isso o que se espera que os políticos façam, especialmente quando estão na oposição. A nova liderança do PSD bem pode começar já a aprender alguma coisa.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 06:15





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