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Os órgãos de soberania no Facebook.

Segunda-feira, 08.08.11

Já tinha achado bastante original o hábito de o Presidente da República publicar sistematicamente mensagens no  Facebook sobre assuntos de Estado. Parece, no entanto, que o exemplo faz escola e agora é o Primeiro-Ministro que também nos presenteia com uma mensagem no Facebook. A mensagem pretende ser apenas "uma pequena reflexão de Verão", mas é verdadeiramente um discurso de Governo. Nesse discurso, começa-se logo por salientar que "o ritmo de tomada de decisões que nos impusemos, bem como a nossa imperiosa necessidade de cumprir os acordos a que o País se comprometeu têm vindo a impor uma agenda exigente que eu encaro como o nosso Grande Desafio como nação e como povo". E o Primeiro-Ministro declara expressamente: "Não me comprometo com resultados rápidos nem com sacrifícios suaves. Não seria realista. Mas não duvido que, passada esta profunda e longa tempestade, teremos um país muito mais bem preparado para compreender, competir e vencer num mundo que assiste diariamente a importantes transformações".

 

O tom discursivo desaparece, porém, logo em seguida quando o assunto da mensagem se transforma afinal em o Primeiro-Ministro ir gozar uns dias de férias com a família, como é seu direito. Nessas férias procurará naturalmente, como qualquer cidadão, "aproveitar intensamente o tempo disponível: afinal é nas situações mais simples que podemos encontrar os momentos de maior felicidade". Agora a mensagem deixa de ser um discurso político e assume mesmo um tom intimista e pessoal, tanto assim que termina com "um abraço forte e continuação de um bom Verão".

 

As redes sociais têm vindo a assumir-se como um extraordinário meio de comunicação entre as pessoas e desde a eleição de Obama que provaram ser igualmente um óptimo instrumento de comunicação política. Tenho, porém, as maiores dúvidas sobre a eficácia da sua utilização por parte de Governantes. Um Primeiro-Ministro que fala sobre o "nosso Grande Desafio como nação e como povo" e sobre os "sacrifícios" que não serão "suaves", não deve no momento seguinte falar das suas próprias férias. E muito menos deve desejar a "continuação de um bom Verão", quando se sabe que as insolvências que diariamente são noticiadas levarão a que muitos portugueses cheguem ao fim deste Verão sem emprego. Uma comunicação aos cidadãos do Primeiro-Ministro deve ter uma solenidade própria, não devendo ser confundida com as mensagens que diariamente trocamos com os nossos amigos no Facebook.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 00:26





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