Estratégia brilhante.

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A crise ibérica e o mundial de futebol.
Não será seguramente coincidência que, após a crise grega, tenham sido precisamente Portugal e Espanha os países de que os mercados mais têm desconfiado em relação à sua capacidade de cumprimento da dívida. Trata-se efectivamente dos poucos países da Europa que ainda são governados por socialistas, e que persistem em adoptar políticas económicas irresponsáveis, como manter a aposta em grandes obras públicas, quando não há dinheiro para as pagar. Como se vê pelas notícias recentes, Espanha está neste momento debaixo de fogo dos mercados, e é provável que logo a seguir o mesmo aconteça com Portugal.
Sócrates e Zapatero esperavam que o mundial de futebol lhes permitisse algum alívio, desviando as atenções da opinião pública para o estado em que deixaram chegar as contas públicas e as medidas draconianas que estão a implementar. Parece que lhe saiu a sorte grande, pois, de acordo com os primeiros resultados, acabaram de arranjar novos alvos para a ira dos respectivos nacionais. Nos próximos tempos, os portugueses vão dirigir a sua fúria contra Carlos Queiroz e os espanhóis contra Vicente del Bosque. Entretanto, ninguém ligará às medidas gravosas que têm vindo a aplicar, sendo que em Portugal algumas são mesmo claramente inconstitucionais, como os impostos retroactivos.
Aí está como, ao som das vuvuzelas, se conseguiu distrair a atenção dos portugueses e espanhóis da gravíssima situação financeira em que os seus países se encontram. A manterem-se estes resultados, nos próximos tempos em Portugal e Espanha ninguém falará de outra coisa a não ser do fracasso das respectivas selecções nacionais. Os seus treinadores serão responsabilizados por esses falhanços e os governos ibéricos lá continuarão alegremente, cantando e rindo, enquanto os seus países se afundam