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A cisão do PS.

Quinta-feira, 17.07.25

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Os sinais que têm surgido nos últimos dias parecem indicar que o PS está à beira da cisão. Na verdade, o PS teve desde sempre uma ala esquerda e uma ala direita, que rivalizavam no poder. Essa situação ficou logo expressa no congresso de Janeiro de 1975, quando Manuel Serra, próximo do PCP, desafiou o líder Mário Soares que, apesar disso, conseguiu vencer. Desde então Mário Soares colocou o PS na área do centro-direita, tendo ficado célebre a sua afirmação de que iria colocar o "socialismo na gaveta".

Quando Mário Soares chegou à Presidência da República, foi eleito secretário-geral do PS Vítor Constâncio, claramente mais à esquerda do que o seu antecessor, tanto assim que até convidou Lurdes Pintasilgo para ser cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu. Os resultados eleitorais foram, porém, sempre medíocres, levando a que em 1987 Cavaco Silva obtivesse uma maioria absoluta, com uns extraordinários 50% dos votos, depois de uma disparatada moção de censura dos partidos de esquerda, a única aprovada até hoje.

Tendo-se demitido, após um discurso dramático contra Soares, Vítor Constâncio viria a ser substituído por Jorge Sampaio, oriundo do GIS, e que colocou o PS ainda mais à esquerda, chegando a liderar uma coligação paritária com o PCP à Câmara de Lisboa. Essa coligação  saiu vitoriosa contra Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de iniciativas mediáticas deste, como o mergulho no Tejo ou a condução de um táxi em Lisboa. A estratégia política de Jorge Sampaio foi, porém, claramente derrotada a nível nacional, levando a que Cavaco Silva reforçasse em 1991 a sua maioria absoluta, que já tinha sido um resultado surpreendente quatro anos antes.

Declarando-se "em estado de choque" com os resultados do PS, António Guterres avançou contra Jorge Sampaio, tendo vencido facilmente e voltado a permitir o domínio da ala direita no PS. Tal permitiu-lhe ganhar as eleições de 1995 e 1999 (esta última no limiar da maioria absoluta). Tendo saído por vontade própria, seria substituído por Ferro Rodrigues, mais uma vez da ala esquerda do PS, desta vez oriundo do MES, o qual perdeu as eleições contra Durão Barroso. Este, no entanto, abandonaria o país em busca dos prados verdejantes de Bruxelas, sendo substituído por Santana Lopes, que se revelou um desastre governativo. Ferro Rodrigues, revoltado com a não marcação de eleições pelo seu amigo Jorge Sampaio, deixaria também o cargo de secretário-geral, sendo substituído por José Sócrates.

José Sócrates também estava claramente colocado à esquerda, tendo apenas vencido as eleições de 2005 e 2009 devido ao mau desempenho dos então líderes do PSD. No entanto, acabou por perder as eleições em 2011 para Passos Coelho, depois de ter levado o país à bancarrota. António José Seguro voltou a recentrar o PS, e até ganhou as eleições europeias em 2014, mas viria a ser derrubado por António Costa, numa aliança com José Sócrates.

António Costa, desde sempre um antigo apoiante de Jorge Sampaio e por isso claramente da ala esquerda do PS, perdeu igualmente as eleições em 2015, mas conseguiria formar governo com o apoio do PCP e do BE, ainda que com a contrapartida de governar claramente à esquerda, o que não o incomodou nada. O país sofre por isso hoje com as medidas disparatadas dos seus governos, depois de o mesmo, à semelhança de Durão Barroso, ter também partido para os prados verdejantes de Bruxelas.

Pedro Nuno Santos, o tal que ameaçava pôr a tremer as pernas dos banqueiros alemães, foi eleito secretário-geral do PS, mais uma vez pela ala esquerda do partido, que sempre o viu como o delfim de António Costa. Apenas depois de perder duas eleições, a última das quais com estrondo, o mesmo desistiu, levando a que José Luís Carneiro assumisse o cargo.

Só que José Luís Carneiro não está a conseguir unir o partido, que vive presentemente num clima de guerra civil entre as duas alas esquerda e direita, como antes nunca se viu. António José Seguro candidata-se a Presidente da República e é violentamente atacado pelos apoiantes de António Costa, que se dedicam a empurrar outros candidatos. Ricardo Leão, autarca de Loures, toma medidas de demolição de construções ilegais no espaço público, como a lei expressamente impõe, e é atacado com cartas abertas, mais uma vez de militantes do PS, isto na véspera de umas eleições autárquicas, que o partido deveria estar empenhado em vencer.

A conclusão só pode ser uma. Os militantes do PS, em lugar de fazerem oposição ao Governo e aos partidos que o apoiam, fazem oposição a outros militantes do PS. Quando isso acontece num partido, só se pode concluir que o mesmo está à beira da cisão.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:10

Os ataques dos ministros de António Costa a António José Seguro.

Segunda-feira, 09.06.25

Não há nada que mais me divirta do que assistir a antigos ministros de António Costa a atacar a candidatura presidencial de António José Seguro, precisamente o único socialista que até agora teve a coragem de assumir uma candidatura. Isto depois de os governos em que participaram terem conduzido o PS e o país ao abismo em apenas oito anos, enquanto que o seu líder partiu alegremente para um exílio dourado em Bruxelas, o que não o impede de querer condicionar por interpostas pessoas as escolhas do seu partido. É assim que primeiro surge Mariana Vieira da Silva a dizer que há dez anos que não se conhece uma ideia a António José Seguro. Depois vem o seu pai, José Vieira da Silva, a dizer que António José Seguro não tem o perfil desejável para ser apoiado pelo PS. Dá gosto ver uma tão grande convergências de posições entre pai e filha, apesar da diferença de gerações, o que talvez se possa explicar pelo facto de terem estado os dois ao mesmo tempo nos governos de António Costa, situação que causou perplexidade até no Parlamento Europeu. O que cabe perguntar é porque é que nenhum dos dois se candidata à presidência da república ou até a líder do partido, em vez de se manterem como treinadores de bancada. Enquanto o PS continuar neste estado não vai longe.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 12:42

Mais um tiro no pé.

Terça-feira, 07.05.19

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Está explicada a proximidade de Rui Rio com António Costa e o alinhamento que tem tido com este governo. Já sabemos também que o actual PSD pretende passar a ser a muleta do PS. Não venham é dizer que isto é o pensamento de Sá Carneiro. Sá Carneiro, num período em que a direita era fortemente atacada, quis demonstrar que a mesma podia ser governo. Fez uma coligação com esse propósito e chegou a primeiro-ministro. Rui Rio com estas declarações cada vez mais se afasta desse objectivo. O problema é que parece que não lhe faltam balas para continuar a dar tiros nos pés.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:55

A tourada.

Quinta-feira, 15.11.18

Em 1973 mandámos ao festival da eurovisão esta canção, demonstrando bem como o governo de então estava a ser visto pelo país. Se olharmos bem para a letra, apesar de terem passado 45 anos, acho que a actual situação não é muito diferente. Neste dia, em que o governo e o grupo parlamentar do partido que o apoia se envolveram numa verdadeira tourada, acho que é adequado recordar esta canção.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 20:38

Obrigado, Santana Lopes.

Segunda-feira, 27.08.18

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Pela segunda vez o PS vai agradecer a maioria absoluta que lhe proporcionou. Merece desde já ser feito militante honorário, uma vez que faz mais pelo resultado eleitoral do partido do que qualquer líder do PS.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 08:18

A saída de Henrique Neto do PS.

Sexta-feira, 21.07.17

Tendo participado num jantar destinado a ouvir a opinião de Rui Rio sobre a actual situação política, estive sentado ao lado de Henrique Neto e tivemos ocasião de conversar sobre o estado do país. Percebi logo que o seu posicionamento estava muito longe do actual PS e que a ruptura seria inevitável. Que ela tenha ocorrido nesta semana não é de espantar. Quando o PS e o Bloco, quais gémeos siameses, queriam fazer arrendar à força as florestas dos pequenos proprietários, recebendo as rendas sem pagar qualquer indemnização aos donos, e só foram impedidos de o fazer pelo PCP está tudo dito. O PS de Costa nada tem a ver com o que era de Soares, de Guterres e de Seguro, sendo hoje um partido radical de extrema-esquerda estilo Venezuela, sem qualquer respeito pelos direitos fundamentais das pessoas. É por isso mais que altura de haver uma clarificação sobre quais são os seus militantes que se revêem nesta política. Henrique Neto teve a coragem de dar o primeiro passo. Onde estão os outros militantes tradicionais do PS?

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publicado por Luís Menezes Leitão às 19:03

O novo menino de ouro do PS.

Domingo, 25.06.17

Segundo nos informa hoje o Público num artigo absolutamente isento e imparcial, e que nada tem de propaganda, Fernando Medina é o novo "menino de ouro" do PS, que agora vai mostrar o que vale nas eleições autárquicas. O PS adora meninos de ouro, sendo que o último que me lembro que teve esse qualificativo foi o nosso querido José Sócrates, que atirou o país para a bancarrota. Mas este menino de ouro não precisa nada de provar o que vale em eleições, pois já demonstrou o que vale na Câmara: lançamento de taxas inconstitucionais, até na opinião do Provedor de Justiça e do insuspeito Vital Moreira; obras intermináveis, quedas de viadutos e de gruas, que deixam o trânsito num caos, etc, etc. Se o centro-direita tivesse tido a inteligência de arranjar candidaturas minimamente consistentes este menino de ouro, na verdade com muita lata, iria mas é pregar para outra freguesia. Assim, é bem provável que a vida dos lisboetas continue a ser o inferno em que ele a quis tornar.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 11:22

Zangas de comadres.

Sexta-feira, 05.05.17

Não me espantou nada o apoio do PS a Rui Moreira na Câmara do Porto, uma vez que sempre me pareceu evidente que Rui Moreira estava a fazer no Porto uma gestão integralmente socialista. O que sempre estranhei foi que o CDS continuasse a apoiá-lo. Encarei por isso com muita naturalidade o facto de Ana Catarina Mendes dizer que a vitória de Rui Moreira no Porto será a vitória do PS. Isso é evidente para qualquer observador minimamente atento. Azeredo Lopes e Matos Fernandes, respectivamente chefe de gabinete do presidente da câmara do Porto e presidente das Águas do Porto na gestão de Rui Moreira, não são hoje ministros de António Costa?

 

Mas Rui Moreira, pelos vistos tem um ego do tamanho do mundo, pelo que acha que a vitória será exclusivamente sua e decidiu agora rejeitar o apoio do PS, embora estranhamente não tenha reclamado a restituição dos seus ministros a António Costa. Pelo caminho poderia igualmente rejeitar o apoio do CDS que nunca lhe fez falta alguma na gestão da Câmara.

 

Isto só demonstra que os partidos erram profundamente quando apoiam candidaturas pretensamente independentes. Se não têm nenhum militante para apresentar como candidato, mais vale irem pastar para outras paragens. E sinceramente um independente, que consegue simultaneamente receber o apoio do PS e do CDS é alguém que eu não quereria a gerir a minha cidade. Felizmente que não moro no Porto. Alguém nesta história andará seguramente enganado. Em qualquer caso os eleitores bem podiam ser poupados a estas zangas de comadres.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 16:13

O novo PREC do PS.

Sábado, 24.10.15

 

 PS promete "muralha de aço" erguida até segunda-feira. Lá no PS vão então todos começar a trautear esta música, agora integralmente dedicada ao camarada Costa.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 09:01

Em pratos limpos.

Sexta-feira, 23.10.15

Já considerei aqui que Cavaco tinha dado desnecessariamente a mão a António Costa quando apelou à formação de um governo maioritário, obrigando a coligação a fazer negociações com um PS que, com esta liderança, deixou de ser um partido credível. Se não o tivesse feito, nunca teríamos assistido a estas cenas ridículas de uma peça encenada, a fingir que não se conseguia progredir com a coligação, mas que se conseguia progredir com o PCP e o BE, que já tinham abandonado posições radicais e dado as mãos para formar um governo que iria respeitar a união europeia, o euro, o tratado orçamental e o pacto de estabilidade e crescimento. É evidente que nada disto era possível e Costa apresentou-se em Belém com uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. Nenhum dos outros partidos aceitou ir para o governo e a única coisa que António Costa conseguiu foi um compromisso de os outros partidos darem apoio parlamentar a um governo do PS, depois de chumbarem o governo da coligação.

 

Isto é precisamente a coligação negativa que António Costa tinha rejeitado na noite eleitoral, sendo certo que esse governo do PS cairia no momento em que propusesse a sua primeira medida de austeridade. Um político responsável nunca sujeitaria o país a um risco desses, mas António Costa parece julgar que ainda está a disputar eleições para a Associação Académica da Faculdade de Direito, querendo formar um governo em joguinhos infantis.

 

Na comunicação de ontem Cavaco Silva demonstrou-lhe, no entanto, que não vai pactuar com esses joguinhos e pôs tudo em pratos limpos. Não só indigitou Passos Coelho como primeiro-ministro, como avisou expressamente que não daria posse a um governo de esquerda. Por muito que se diga o contrário, no nosso sistema político o Presidente da República tem esse poder e está farto de o exercer. Eanes já rejeitou o governo Vítor Crespo e Soares o governo Vítor Constâncio, tendo ambos maioria no parlamento, sendo que a única vez em que o Presidente aceitou um governo que não tinha saído das eleições foi com Santana Lopes, e tanto se arrependeu de o ter feito, que seis meses depois estava a dissolver o parlamento. 

 

É claro que se pode contrapor que neste momento o Presidente não pode dissolver o parlamento, mas isso não o obriga a aceitar um governo que entende não ser credível, podendo manter perfeitamente em funções de gestão o governo anterior até que o novo Presidente recupere esses poderes. Neste quadro, bem podem PS, BE e PCP andar a berrar aos quatro ventos que têm um governo de maioria na assembleia, e rejeitar o governo nomeado, uma vez que só formam governo se o Presidente assim decidir. E, ao contrário do que diz Vital Moreira, na nossa história constitucional um governo de gestão já fez aprovar um orçamento no parlamento. Foi o que aconteceu quando Eanes recusou o governo de Vítor Crespo, após a demissão do governo de Balsemão, tendo dito na altura que iria aguardar que o parlamento aprovasse o orçamento antes de o dissolver, como efectivamente ocorreu. 

 

A saída mais provável disto é assim novas eleições a partir de 4 de Abril. O que me pergunto, no entanto, é o que leva o PS a insistir nesta deriva suicidária, sabendo que chegará esfrangalhado a essas eleições. O novo PS aparecerá aos eleitores como um partido de perdedores ressabiados, que terá como única bandeira constituir um governo de frente popular, baseado num acordo parlamentar risível, que não lhe dará um único voto ao centro, nem sequer o voto útil da esquerda. Irá o PS seguir António Costa nesta sua proposta de suicídio colectivo do partido? É o que iremos ver.

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publicado por Luís Menezes Leitão às 07:31





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