A habitual doutrina inglesa.
"We have no eternal allies, and we have no perpetual enemies. Our interests are eternal and perpetual, and those interests it is our duty to follow", Lord Palmerston, Primeiro-Ministro Inglês, discurso no Parlamento a 1 de Março de 1848. Passados 173 anos, a doutrina Palmerston permanece actual.
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Jogar e perder.
Não há jogadas seguras em política. Uma eleição nunca está garantida, pois depende de factores imprevisíveis, como na teoria do caos em que a borboleta que bate as asas em Pequim provoca um temporal em Nova Iorque.
Theresa May, perante as dificuldades políticas do Labour de Jeremy Corbyn, julgou que poderia calmamente convocar eleições, e ter uma maioria que lhe garantisse um mandato forte para as negociações de um "hard Brexit". Mas a verdade é que não se pode vender a pele do urso antes de o ter morto, e Corbyn revelou-se um osso muito duro de roer na campanha, apostando em cumprir o slogan que imediatamente surgiu: "Let's make June the end of May". Por outro lado, Theresa May mostrou uma absoluta incompetência política, ameaçando os ingleses com mais impostos, como o "imposto sobre a demência", a fazer lembrar o poll tax que precisamente deitou abaixo Thatcher. Desde Mondale que se sabe que em eleições não se anunciam novos impostos e ponto final.
E agora? Dificilmente May continuará a liderar o governo, e mesmo que os conservadores continuem no poder, o Brexit pode tornar-se tão soft que ninguém dê por ele. E nem é de excluir a hipótese de Corbyn conseguir imitar António Costa e montar uma geringonça no Reino Unido, para fazer também as reversões prometidas, como a renacionalização dos transportes. Aconteça o que acontecer, o Reino Unido está metido num grande sarilho. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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O cavalo de Tróia britânico.
Não me espanta nada esta notícia, de que o Reino Unido quer a bancarrota da Grécia e exige que esta abandone o euro. Numa reunião internacional um colega britânico disse-me que a eventual eleição de Christine Lagarde para o FMI seria péssima pois ela iria defender o euro, o que no Reino Unido ninguém queria. De facto, já a Senhora Thatcher tinha dito que a Europa só teria uma moeda única no momento em que o Parlamento Britânico desaparecesse. Razão tinha o General de Gaulle que dizia que os ingleses só queriam entrar na Comunidade para melhor a destruir e que ele se oporia sempre à entrada do cavalo de Tróia britânico na cidadela comunitária. Efectivamente, desde que entrou, a posição do Reino Unido tem sido sempre a de estar apenas com um pé na União Europeia e com outro fora, exigindo um opt-out em relação a uma série de matérias e, no tempo da senhora Thatcher, até a devolução das suas contribuições para a União Europeia (o famoso cheque britânico). Agora recusa-se a participar no resgate de outro Estado europeu, apelando antes a que este decrete a bancarrota. Que grande solidariedade europeia a de um Estado-Membro que apela à bancarrota de outro Estado-Membro! Com amigos assim quem precisa de inimigos.